No dia 28 de agosto de 2025, a Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Cidadania discutiu na Câmara Municipal de São Paulo, em parceria com movimentos de luta por Direitos Humanos, o programa Ruas de Memória. Instituído por decreto em 2016 e fundamentado na Lei Municipal nº 15.717/2013, o programa tem como objetivo promover a reparação histórica e a preservação da memória democrática, substituindo as denominações de logradouros e equipamentos públicos que homenageiam pessoas, eventos ou datas ligadas a graves violações de Direitos Humanos, especialmente durante o período da ditadura militar no Brasil. A legislação contempla também a participação da sociedade no processo de escolha para a renomeação de locais públicos.
Wendy Villalobos, Coordenadora de Projetos do Núcleo Memória, compartilhou a mesa com as vereadoras Luna Zarattini (PT), presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Keit Lima (PSOL). Também estiveram presentes Rogério Sottili, presidente do Instituto Vladimir Herzog e ex-secretário municipal de Direitos Humanos, Amelinha Teles, ativista dos Direitos Humanos, Deyvid Leite, da Democracia Corinthiana, Marli Condes, da Rede Democracia e Aurea Lopes, da Comissão Arns. Embora a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania tenha sido convidada, nenhum representante esteve presente.
Wendy destacou a necessidade da continuidade do programa Ruas de Memória, enfatizando que tanto os apagamentos, quanto as homenagens aos perpetradores de violações aos Direitos Humanos, se tratam de projetos políticos. Ressaltou a importância da participação da sociedade civil neste programa e da realização de uma ampla campanha sobre a temática. Relembrou o projeto Ruas da Vergonha, iniciativa desenvolvida pelo Núcleo Memória em 2017, que buscava dar continuidade à ação oficial. O projeto contemplou a realização de cinco vídeos curtos, dirigidos pelo cineasta Camilo Tavares e a realização de um amplo abaixo assinado popular entregue à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Sob o lema “Quem matou e torturou não pode virar nome de rua”, foi realizada também a alteração momentânea da nomenclatura de ruas para o nome de conhecidos ditadores e assassinos, como Hitler, Mussolini e Pinochet, como forma de explicitar o absurdo de ainda existirem ruas com o nome de perpetradores de violências.
Amelinha Teles enfatizou a necessidade de manter vivas as lembranças dos militantes que tombaram em defesa da democracia: “Esses nomes têm que ser lembrados, pois não podemos esquecer nossa história”. A vereadora Luna Zarattini reforçou a importância de que as renomeações sejam feitas a partir de debates junto às comunidades locais e afirmou que irá pressionar pela aplicação da lei, considerando a suspensão do programa um ataque à memória e à verdade. Ela garantiu ainda que buscará uma reunião com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania para encaminhar o que foi discutido com as entidades.