Realizado desde 2017 pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, o Programa de Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi iniciou suas atividades do mês de julho no dia 16, uma manhã de quarta-feira. Estiveram presentes cerca de 40 pessoas, que puderam conhecer esse importante patrimônio cultural da cidade e do estado de São Paulo.
Na abertura da atividade, o historiador e educador César Novelli Rodrigues apresentou a trajetória do Núcleo Memória e as diversas ações desenvolvidas pela entidade. Por se tratar de um lugar de memória, a visita possibilitou também abordar os trabalhos do Núcleo em outros espaços de referência: o Memorial da Resistência de São Paulo (antigo Deops) e o Memorial da Luta pela Justiça (antigas Auditorias Militares).
Durante a visita, Novelli destacou o processo de tombamento do complexo do antigo DOI-Codi (atual 36ª Delegacia de Polícia, na Vila Mariana) e ressaltou que o grupo era privilegiado por contar com a presença de Ivan Seixas, jornalista, ex-preso político e um dos fundadores do Núcleo, responsável por protocolar, em 2010, o pedido de tombamento junto ao Condephaat, órgão que rege o patrimônio cultural do estado de São Paulo.
Ivan Seixas contextualizou o cenário político da ditadura militar após o golpe de 1964, explicando a origem da Operação Bandeirantes (Oban), criada em 1969, e sua transformação no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna do II Exército (DOI-Codi). Enquanto realizava sua apresentação, o grupo foi surpreendido pela chegada de Adriano Diogo — ex-preso político, defensor histórico dos direitos humanos, ex-deputado estadual e ex-vereador em São Paulo, além de presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva. Diogo compartilhou lembranças de sua prisão naquele local e traçou paralelos entre o passado autoritário e o contexto atual do país.
Após os relatos, o grupo percorreu os dois andares do prédio onde funcionaram a Oban e o DOI-Codi entre 1969 e 1982 — período marcado por graves violações aos direitos humanos, incluindo práticas sistemáticas de tortura e assassinatos. Hoje, é nesse mesmo espaço que o Núcleo realiza suas visitas mediadas, como forma de preservar a memória e promover a reflexão crítica sobre esse período da história brasileira.
As visitas ao antigo DOI-Codi contam com o apoio de emenda parlamentar, por meio do Termo de Fomento nº 973112/2024, firmado entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e o Núcleo de Preservação da Memória Política. O projeto prevê, além das visitas, o fortalecimento da Rede Brasileira de Lugares de Memória, com foco na preservação da memória histórica, na educação em direitos humanos e no fortalecimento da democracia.
A próxima visita do programa está marcada para o dia 26 de julho.