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NÚCLEO MEMÓRIA

Atividades núcleo memória |   Programa de Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi – 26 de julho de 2025

No dia 26 de julho, foi realizada a segunda visita mediada ao antigo DOI-Codi durante o mês. Ao todo, cinquenta pessoas participaram da atividade, realizada em uma manhã fria de sábado, que contou, mais uma vez, com a presença do ex-preso político Ivan Seixas, um dos fundadores do Núcleo de Preservação da Memória Política.

Após a recepção do grupo e a apresentação da equipe responsável pela atividade, o historiador e educador César Novelli Rodrigues explicou a dinâmica da visita, contextualizou a história do Núcleo Memória e falou sobre a atuação da entidade em três importantes lugares de memória: o Memorial da Resistência de São Paulo (antigo Deops), o Memorial da Luta pela Justiça (antigas Auditorias Militares de São Paulo) e o próprio antigo DOI-Codi. Em sua fala, Novelli destacou o tombamento do local, instrumento jurídico que impede que o espaço seja modificado ou destruído, pois, ao ser tombado, passa a ser reconhecido como patrimônio cultural. No caso do ex-DOI-Codi, o tombamento foi realizado nas esferas estadual e municipal.

Em seguida, o ex-preso político e jornalista Ivan Seixas fez uma contextualização histórica sobre o período pós-golpe militar de 1964. Ressaltou que a primeira vítima fatal da ditadura não foi um civil, mas um militar: o tenente-coronel da Aeronáutica Alfeu de Alcântara Monteiro, morto no dia 4 de abril de 1964 na Base Aérea de Canoas, no Rio Grande do Sul. “Os caras metralharam ele pelas costas”, relatou Ivan.

Na sequência, o diretor-executivo do Núcleo Memória e também ex-preso político, Maurice Politi, apresentou um panorama histórico sobre a Operação Bandeirantes (Oban) e seu sucessor, o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Em seu testemunho, Politi relembrou como os agentes recebiam os militantes sequestrados levados ao antigo centro de repressão e tortura: “Agora você está no lugar onde o bebê chora e a mamãe não escuta”, diziam.

Após as falas iniciais, o espaço foi aberto para perguntas e observações dos participantes. A visita mediada não tem caráter de guiamento tradicional; ela se constrói a partir da escuta ativa e da troca com o grupo. Na segunda parte da atividade, os visitantes foram encaminhados ao pátio, onde Politi, Seixas e Novelli explicaram a função dos outros prédios do complexo durante a ditadura e seu uso nos dias atuais.

Na etapa final da visita, o grupo acessou um dos prédios do complexo. Nesse momento, os três convidados relataram como era o funcionamento interno do local. Ivan Seixas compartilhou com os presentes a história de quando foi levado, aos 16 anos, com sua família, para o DOI-Codi em 1971. Relatou também a última vez que viu seu pai com vida — assassinado no dia seguinte, em uma das salas de tortura. O relato gerou forte emoção entre os participantes.

A visita foi encerrada com a palavra aberta ao grupo, que pôde expressar os sentimentos e reflexões gerados pela experiência.

Esta edição da visita mediada contou com a participação dos seguintes membros do Núcleo Memória: Viviane Cândido (assistente administrativa), Juliana Victorino e Othon Barros (Agência Jacarandá Comunicação), César Novelli Rodrigues (historiador e educador) e Maurice Politi (diretor-executivo).

O Programa de Visitas Mediadas ao antigo DOI-Codi conta com o apoio de emenda parlamentar (Termo de Fomento nº 973112/2024), firmada entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM). Para além das visitas mediadas, o projeto contempla também o fortalecimento da Rede Brasileira de Lugares de Memória (Rebralum), com foco na preservação da memória histórica, na educação em direitos humanos e na consolidação da democracia.

Em agosto, estão previstas mais duas visitas mediadas, nos dias 16 (sábado) e 27 (quarta-feira). Fique atento às nossas redes sociais para a abertura do formulário de inscrições.


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