No último dia 2 de agosto, ocorreu mais uma edição do Sábado Resistente de 2025, com o tema “O Teatro como Ferramenta da Resistência e Memória”, no auditório do Memorial da Resistência. A atividade compôs a programação anual do projeto, cujo eixo neste ano é “Brasil que Resiste: Lugares de Memória e Lutas por Justiça”.
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A abertura foi realizada por Ana Pato, diretora técnica do Memorial da Resistência, e Maurice Politi, diretor executivo do Núcleo Memória, que resgataram a trajetória de quase duas décadas do Sábado Resistente. A atividade foi iniciada com a exibição de um trecho da peça “Lembrar é Resistir”, escrita por Izaías Almada e Analy Alvarez, que esteve em cartaz nas dependências do antigo DEOPS/SP antes da criação do Memorial. A encenação propunha uma imersão naquele aparelho de repressão estatal, na qual o público acompanhava atores-carceireiros e reproduzindo as práticas brutais que ocorreram naquele prédio durante a ditadura militar.
Dando início ao debate, Almada, autor da peça e também diretor de teatro e ex-preso político, compartilhou os impactos que a encenação teve à época e emocionou-se ao refletir sobre a permanência das violências e desigualdades no Brasil, apesar das lutas travadas ao longo da história do nosso povo.
Na sequência, Dulce Muniz, atriz, ex-presa política e dirigente da Cia. Teatro Studio Heleny Guariba, tratou da brutalidade da repressão e dos desafios da luta política e artística. Compartilhou sua trajetória na militância e nas artes, destacando sua atuação na organização do Teatro Jornal, projeto idealizado por Augusto Boal.
Marcos Felipe, ator e responsável pelo Teatro de Contêiner Mungunzá, denunciou a tentativa de remoção do espaço cultural que dirige e falou sobre o papel da memória no teatro. Destacou a importância de pensarmos desde já na produção e preservação da memória no presente e a partir dos territórios, cada vez mais ameaçados pela especulação imobiliária.
A atriz, dramaturga e diretora Camila Mota, integrante do Teat(r)o Oficina desde 1997, trouxe a experiência do grupo na construção de novas narrativas para corpos e sujeitos historicamente silenciados. Reforçou o papel do teatro como espaço de contracenação e, portanto, de conflito. Para ela, essa tecnologia teatral possibilita construir uma nova forma de interagir no mundo.
Encerrando o debate, Cafira Zoé, poeta, atriz, cantora, e também do Oficina, propôs uma reflexão poética e filosófica sobre a resistência. Pensando a luta como algo que atravessa a humanidade, afirmou que “resistir”, também é saber quando nos mostramos intransponíveis para certas violências ou nos abrimos para dialogar, possibilitando um desenvolvimento das ideias.
O próximo Sábado Resistente, com o tema “Movimentos Populares e o Direito à Cidade”, será realizado no dia 06 de setembro, às 14h, no auditório do Memorial da Resistência.