No último dia 14 de junho, foi realizada mais uma edição do Sábado Resistente, que tratou sobre “Racismo Estrutural e Memória: da Escravidão às Violações Atuais”, no auditório do Memorial da Resistência. A atividade integrou a programação anual que leva como tema “Brasil que Resiste: Lugares de Memória e Lutas por Justiça”, que tem como proposta refletir sobre os espaços de memória como instrumento de reparação e evocação da resistência.
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A abertura ficou por conta da pesquisadora Patrícia Oliveira, que ao longo de sua exposição destacou como o processo de abolição da escravidão no Brasil foi marcado por um apagamento das violências que sustentaram o sistema escravocrata, assim como das resistências que o enfrentaram. Ao tratar da ausência de reconhecimento dessas experiências na história oficial, Patrícia reforçou que esse processo permite que a estrutura racista se perpetue, principalmente pela continuidade no poder pelos herdeiros dos escravocratas do século XIX. Nesse sentido, a preservação dos lugares de memória do povo negro se torna fundamental para romper com esse silenciamento e evidenciar as permanências do racismo estrutural, buscando sua superação.
Em seguida, Rose Almeida, integrante do Movimento Mobiliza Saracura Vai Vai, apresentou um exemplo da luta pela identificação e proteção dos lugares de memória negra na cidade de São Paulo. Ela relatou o trabalho do movimento pela continuidade das escavações arqueológicas e pela preservação das descobertas feitas nas escavações da obra da futura Estação 14 Bis-Saracura do Metrô, que retirou a sede histórica da escola de samba Vai Vai, presente no local desde os anos 1950. No local, foram identificados milhares de artefatos religiosos e objetos de uso cotidiano, que remontam à resistência negra na região. Rose enfatizou a importância de mobilizar, difundir e articular forças em defesa dessas memórias, e denunciou o descaso do Estado com esse patrimônio.
O evento contribuiu para reforçar a importância de pautar cotidianamente as questões relacionadas à resistência negra e à preservação de sua história e memória. Diante de um esforço estrutural de apagamento e silenciamento dessas memórias, iniciativas como o Sábado Resistente são fundamentais para ampliar a visibilidade e fortalecer a luta antirracista no presente.
O próximo Sábado Resistente acontecerá no dia 2 de agosto, com o tema “O Teatro como Ferramenta da Resistência e Memória”, às 14h, no auditório do Memorial da Resistência.