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NÚCLEO MEMÓRIA

Direitos humanos |   Entrego minha vida à minha classe, para que continuem a minha história

O companheiro Manoel da Conceição, dedicou toda a sua vida à organização da luta pela democracia e pelos direitos dos povos dos campos e das florestas. Foto: Marcelo Cruz

Uma semente de ousadia, luta e rebeldia foi plantada no território maranhense na manhã desta quarta-feira, 18 de agosto.

Símbolo de resistência à ditadura militar, o companheiro Manoel da Conceição, o nosso Mané, dedicou toda a sua vida à organização da luta pela democracia e pelos direitos dos povos dos campos e das florestas.

Nascido no povoado de Pedra Grande, município de Coroatá, no estado do Maranhão, desde criança esteve sob as trincheiras de luta e resistiu, junto com sua família, aos desmandos dos latifundiários da região, quando se dedicou ao trabalho na roça e se apaixonou pela organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

Aos 27 anos, Mané foi com a família para Pindaré Mirim, onde se engajou de fato com a luta camponesa e fundou o primeiro sindicato de trabalhadores rurais do Maranhão.

Mané rompeu as cercas de Pindaré Mirim e participou da articulação do MST na região, da fundação de organizações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (CENTRU) e do Partido dos Trabalhadores (PT).

Com a instauração da ditadura militar em 1964, passou a ser uma das pessoas mais perseguidas pelo regime militar no Maranhão.

Perseguido, torturado e exilado, Manoel da Conceição é parte fundamental da memória do país e sua trajetória de vida se confunde com a trajetória de luta pela Reforma Agrária Popular.

Nos últimos anos de vida esteve ao lado da família em Imperatriz/MA, a inseparável companheira de luta Denise Leal, os filhos Mariana Nóbrega e Manoel da Conceição Filho, além dos netos Victor Hugo e Maria Manuela, aos quais estendemos toda a nossa solidariedade neste momento de dor.

Manoel da Conceição faleceu na manhã desta quarta-feira (18), em Imperatriz, após cerca de quatro semanas internado para procedimentos cirúrgicos e tratamento de uma broncopneumonia aguda, que geraram complicações em seu estado de saúde, já debilitada pela trajetória de luta e torturas.

A família dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra semeará todas as sementes deixadas pelo valoroso companheiro Manoel da Conceição. A sua história de vida, é a nossa história de luta. Seguiremos em fileiras, em defesa da democracia e da vida!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Maranhão, 18 de agosto de 2021


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