Memória em Ação
abril/25

EDITORIAL

Um resumo dos fatos mais importantes do mês passa obrigatoriamente pela notícia do falecimento, aos 88 anos, do Papa Francisco, no último dia 21, em decorrência de um AVC.

Com seu pontificado de 12 anos, Francisco se destacou como um Papa moderno, próximo de causas sociais e sem medo de tocar em temas polêmicos para a tradição e os costumes católicos. Durante os três dias de seu velório, Francisco foi reverenciado por mais de 2 milhões de pessoas e mais de 200 dignatários dos quatro cantos do planeta, entre eles o presidente Lula, com uma comitiva de 13 pessoas, todos altos funcionários dos três Poderes do Brasil.

No campo da política interna, o governo enfrentou duas crises: a primeira, com a recusa de um deputado a ser nomeado Ministro das Comunicações, o que causou um profundo desgaste na coalizão governamental; e a segunda, revelada nos últimos dias do mês, um escândalo de corrupção, fruto de uma operação deflagrada pela Polícia Federal contra um esquema de fraudes nas aposentadorias públicas brasileiras. Este esquema de fraudes, que foi iniciado ainda em 2019, no governo anterior, resultou, segundo as primeiras apurações policiais e da CGU, numa soma total desviada de quase 6 bilhões de reais, advindos de descontos indevidos a aposentados.

Imediatamente após a divulgação deste esquema, o afastamento de Alexandre Stefanutto, presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), foi determinado pela Justiça e, na sequência, ele foi demitido por Lula do cargo. O Presidente, no dia 30, nomeou então o procurador federal Gilberto Waller Júnior para o cargo de presidente do INSS.

Estes dois fatos certamente incidirão nos resultados das próximas pesquisas de opinião em relação ao desempenho do governo, que ainda sofre pelas repercussões de índices inflacionários superiores aos que se havia esperado para este mês, principalmente devido à contínua alta de preços dos produtos alimentícios.

Outro assunto que não saiu das manchetes durante todo o mês foi a insistência das áreas ligadas ao ex-presidente Bolsonaro para que se ponha em marcha um processo de anistia a todos aqueles que tentaram dar um golpe de Estado em janeiro de 2022. A condução desta pauta, capitaneada pelos deputados e senadores do PL, encontra ainda resistência por parte das presidências da Câmara e do Senado que, no entanto, tentam, junto ao STF, propor uma lei alternativa que diminuiria as penas dos já condenados, mas sem a promulgação de uma anistia aos golpistas — que incluiria a figura do ex-presidente e seus assessores diretos.

Na área judicial deste processo contra os golpistas, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, depois de ter declarado como réus, no mês passado, o núcleo principal — do qual fazem parte o ex-presidente e mais sete pessoas — tornou réus, este mês, um novo grupo de pessoas, denominado de “grupo gerencial”, acusadas de comandar a tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após as eleições presidenciais de 2022. Entre os novos denunciados há ex-militares, ex-membros dos serviços de inteligência e ex-assessores diretos do ex-presidente.

Em contraposição a este movimento pela anistia, o que se viu este mês foram manifestações da sociedade civil, tanto através de concentrações nas ruas em vários Estados, como em documentos e abaixo-assinados enviados à Câmara. Todas essas expressões populares durante o mês incitam os poderes do Estado a não conceber a ideia da anistia aos que tentaram o golpe em 2022, dando como justificativa a simples frase — mas repetida por todos — de que o perdão seria mais uma demonstração de impunidade que, certamente, estimularia a repetição de atos similares no futuro.
Ecoando esta mesma tese, o nosso lema “Conhecer o Passado – Entender o Presente e Construir o Futuro” soa mais atual que nunca.

Nossas atividades, das quais vocês terão um breve resumo ao ler este boletim, refletem este nosso lema e são artífices para o melhor entendimento da realidade brasileira, além de estimularem, principalmente entre os mais jovens, a compreensão de um presente ainda desafiador para os valores da Democracia.

Procuramos, com nossas ações educativo-culturais, propiciar a reflexão a respeito da necessidade de uma cidadania plena e o engajamento para o desafio de uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitadora dos principais artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Boa leitura!

 
ATIVIDADES EDUCATIVAS-CULTURAIS

V Caminhada do Silêncio reforça luta por memória, verdade e justiça

Nem o frio impediu a força da memória: a 5ª Caminhada do Silêncio reuniu centenas em homenagem aos mortos e desaparecidos da ditadura. Leia mais...

 
Relator da ONU critica impunidade no Brasil e pede revisão da Lei de Anistia

Em visita oficial ao Brasil, o relator da ONU Bernard Duhaime denunciou a impunidade dos crimes da ditadura e criticou o uso da Lei da Anistia como obstáculo à justiça. Suas observações reforçam a urgência de rever essa interpretação e fortalecer políticas de memória e reparação. Leia mais...

 
Núcleo Memória participa do lançamento da Bancada dos Direitos Humanos

No dia 14 de abril, foi lançada a Bancada dos Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo, com a presença do Núcleo Memória. Leia mais...

 
Visita do Colégio Santa Maria à exposição Ausências Brasil

Mais de 100 estudantes do Colégio Santa Maria participaram de uma potente atividade educativa na exposição Ausências Brasil, com visita mediada e conversa com ex-presos políticos. Um encontro entre memória, juventude e compromisso com os direitos humanos. Leia mais...

 
Exposição "Ausências Brasil" é tema de entrevista na Rádio USP

Kátia Filipini e César Novelli, do Núcleo Memória, falaram sobre a exposição Ausências na Rádio USP. A mostra reúne fotos de Gustavo Germano sobre mortos e desaparecidos políticos. Leia mais...

 
Projeção de filme no CEU Vila Rubi para 70 alunos da ETEC Irmã Agostina

Encerrando sua passagem pelo CEU Vila Rubi, a exposição *Ausências Brasil* contou com a exibição do filme *O dia que durou 21 anos* e um bate-papo com o diretor Camilo Tavares. Alunos da ETEC Irmã Agostina protagonizaram uma troca rica e atenta sobre memória e ditadura. Leia mais...

 
Quinta aula do curso “Vozes da Memória” destaca experiências internacionais de lugares de memória

Na quinta aula do curso Vozes da Memória, o professor Flávio de Leão Bastos Pereira apresentou experiências internacionais de musealização de lugares de resistência, ampliando os horizontes sobre como diferentes países lidam com suas memórias traumáticas. O encontro foi marcado por reflexões e ricas referências culturais. Leia mais...

 
Aula final do curso “Vozes da Memória” visita locais marcantes da repressão

Encerrando o curso Vozes da Memória, participantes percorreram quatro marcos da repressão em São Paulo, refletindo sobre seus diferentes estágios de musealização. A aula final foi um convite à memória ativa e ao compromisso com os direitos humanos. Leia mais...

 
Núcleo Memória Recebe Juristas Latino-Americanos para Debate sobre Ditaduras

No dia 9 de abril, o Núcleo Memória recebeu representantes da AJUFIDH para uma visita ao ex-DOI-Codi-SP, promovendo um valioso intercâmbio sobre as memórias da repressão na América Latina e o papel da justiça na defesa dos direitos humanos. Leia mais...

 
Sábado Resistente visita espaços de repressão e memória da ditadura militar

A segunda edição do Sábado Resistente de 2025 percorreu três marcos da repressão em São Paulo, promovendo reflexões potentes sobre a memória, a resistência e a luta por justiça no Brasil. Um encontro com a história viva em lugares que exigem lembrança e transformação. Leia mais...

 
 
PRÓXIMAS ATIVIDADES
 

Programa de Visita Mediada ao antigo DOI-Codi/SP
14/05 às 10h
17/05 às 10h
28/05 às 10h
Local: Rua Tutóia, 921

Sábado Resistente: Mulheres na Luta por Memória e Justiça
28/05 às 14h
Local: Memorial da Resistência
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