março/2021

 

EDITORIAL

Há exatamente um ano atrás, em 12 de março de 2020, foi noticiada no país a primeira morte derivada do COVID 19, ocorrida em um hospital da Zona Leste de São Paulo. Cinco dias depois, a palavra “quarentena” já entrava no nosso dicionário.

Um ano transcorreu desde aquela primeira morte e, hoje, nos defrontamos com a incrível e inimaginável cifra de mais de 335.000 brasileiros e brasileiras que perderam suas vidas por conta de uma das piores pandemias de nossa história, sendo que até crianças de tenra idade já entendem o significado das palavras Coronavírus, máscaras, quarentena e outras relacionadas aos cuidados que devem ser por todos tomados para evitar o contágio e a possível infecção pela doença.

Só não se importaram com esta tragédia anunciada as autoridades federais, a começar pelo Presidente da República, que através de mentiras e “fake news” são diretamente responsáveis por esta situação de colapso na saúde pública que domina hoje o país. Sem leitos disponíveis, sem oxigênio e até mesmos com falta de remédios essenciais para o tratamento do vírus, como os chamados “kits intubação”, os hospitais e os valentes profissionais que lá trabalham se veem diante de situações absolutamente inusitadas, tendo muitas vezes de fazer a chamada “escolha de Sofia” e decidir entre quem deve ou não ser tratado.

O resultado aí está aos nossos olhos e aos olhos do mundo, que não consegue acreditar como o Brasil, país que sempre foi considerado um exemplo mundial na questão de saúde pública com o SUS, chegou a tal crise sanitária. Hoje, o país tem mais mortes que os 27 países da União Europeia somados, só ficando atrás em número absoluto de mortes dos Estados Unidos, que nas últimas semanas conseguiu, num sólido e consistente plano, vacinar em menos de dois meses mais de 100 milhões de seus cidadãos. Aqui, ao contrário, a vacinação avança a passos lentos e, desde o dia 17 de janeiro, somente se conseguiu vacinar 8% da população, ou seja, aproximadamente 17 milhões de habitantes.

Diante de tal colapso, por mais que governadores e prefeitos tentem conter o avanço do vírus com medidas mais duras de restrição, que são desrespeitadas em larga escala em todo o país, o fato do Presidente continuar a repetir asneiras e mentiras, omitindo-se de suas responsabilidades, faz com que não se possa ver, num horizonte próximo, uma reversão desta situação.

Mesmo as últimas medidas tomadas, pressionado pela opinião pública e pelo aumento vertiginoso do número de mortes diárias – como a troca pela terceira vez em um ano do Ministro da Saúde e a constituição, finalmente, de um “Comitê de Crise” para o qual só foram convidados os apaniguados deste desgoverno num novo deboche à sociedade –, não trazem esperança para um enfrentamento sério e profissional ao vírus. E a cada mês, frustram-se, por total incapacidade logística, os anúncios de números de doses de vacinas disponíveis, ocasionando também um número reduzido de pessoas vacinadas.

Para piorar a situação, sem auxílio emergencial desde dezembro e com um novo auxílio decidido só em março pelo Congresso, absurdamente reduzido a menos da metade daquele original, a população passa por uma crise econômica sem precedentes que já afeta a sobrevivência básica dos brasileiros. Sem poder de compra, a alimentação se reduz e os comerciantes vão sendo obrigados a encerrar suas atividades. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ano de 2021 começou com 27 milhões de brasileiros (12,8% da população) na miséria, sendo que mais de 6,2 milhões estão vivendo com menos de R$ 157 por mês e mais de 10 milhões já não têm o que comer.

Ao mesmo tempo que nós, a equipe do Núcleo Memória, prestamos solidariedade aos familiares e amigos de todos aqueles que se foram lamentavelmente devido ao descaso geral, também lançamos um apelo para que as autoridades, principalmente as dos poderes Legislativo e Judiciário, comecem a encarar de frente esta situação, iniciando processos sérios de afastamento do poder daqueles que se mostraram e se mostram absolutos amadores, alimentados por mentiras, que brincam com a vida da população.

Apesar de toda esta tragédia, o Núcleo Memória começa o seu 12º ano de existência continuando na luta pela Educação em Direitos Humanos, pelo resgate da História e pela Verdade, Memória e Justiça.

Ainda de forma virtual, no mês de março iniciamos as atividades do ano com a retomada do projeto “Conhecendo Lugares de Memória”, que organizamos desde o ano passado em parceria com a Rede Brasileira de Lugares de Memória (REBRALUME), e o projeto Sábados Resistentes, realizado em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo, iniciado no dia 27.  Também fomos parceiros, como integrantes do Movimento Vozes do Silêncio, do lançamento da campanha #REINTERPRETAJASTF, em concorrida live no dia 31, que lembrou os 57 anos do Golpe Civil-Militar que tomou conta do país durante 21 anos, a partir de 1964.

Os detalhes destas atividades estão neste Boletim.

Boa Leitura!  

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Conhecendo Lugares de Memória
 

No dia 18 de março, das 20h às 22h, retomamos o Ciclo de Lives Conhecendo Lugares de Memória com a apresentação do Memorial da Luta pela Justiça – MLPJ, que será instalado no antigo prédio das Auditorias Militares de São Paulo, importante lugar na memória de cidadãs e cidadãos que resistiram à Ditadura Civil-Militar (1964-1985). O Memorial da Luta pela Justiça é uma iniciativa institucional da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB / Seção São Paulo e do Núcleo de Preservação da Memória Política.

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Confira a programação do primeiro semestre em nosso site.

 

 

Sábados Resistentes

O primeiro Sábado Resistente de 2021 aconteceu no último dia 27 de março, ainda no formato virtual, devido às condições sanitárias impostas pela pandemia do novo coronavírus. O Núcleo Memória e o Memorial da Resistência estabeleceram, para este ano, discutir temas relacionados à indivisibilidade dos Direitos Humanos. A primeira edição, “Direitos Humanos em Foco”, teve a Educação em Direitos Humanos e a importância do papel da sociedade civil para o fortalecimento da democracia como pontos centrais do debate.

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 Ato de lançamento da campanha #ReinterpretaSTF

No dia 31 de março, mantendo a tradição de marcar anualmente com um ato público o dia em que se rememora o Golpe de 1964, o Movimento Vozes do Silêncio, em parceria com o Núcleo Memória, o Instituto Vladimir Herzog e outras entidades de defesa da Memória, Verdade e Justiça, realizou o lançamento da campanha #REINTERPRETAJASTF”, visando pressionar o STF para que paute a reinterpretação da Lei de Anistia de 1979. O evento aconteceu de forma virtual e contou com as falas de representantes de organizações do país, a leitura do manifesto “Pela reinterpretação da Lei de Anistia” e intervenções artísticas.

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