abril/2021

 

EDITORIAL

Chegamos ao fim do mês de abril com a impressionante cifra de mais de 400.000 mortos pelo vírus do COVID 19 e com a certeza de que muito desta tragédia anunciada poderia ter sido amenizada se tivéssemos um governo federal responsável e ativo. Infelizmente, esse não é o caso e grassam exemplos de descuido, pronunciamentos negacionistas, incentivos a remédios “milagrosos” e às aglomerações, que somente servem para espalhar o vírus com mais vigor.  Com isso, atingimos o segundo lugar, em números absolutos, de vítimas deste vírus, só ficando atrás dos Estados Unidos.

Esta doença que nos assola há 14 meses nos atingiu, neste mês, de forma particular. No dia 22 de abril, o companheiro Alípio Raimundo Vianna Freire, um dos fundadores do Núcleo Memória e seu presidente quando da formação de nossa entidade, veio a falecer depois de quase um mês internado, em uma dura batalha contra o vírus.  Jornalista, artista, poeta e militante ativo pela causa da Memória, Alípio foi um dos esteios do grupo original que se constituiu ainda nos anos 2000 para transformar o antigo espaço carcerário do DEOPS naquele que é hoje um dos museus mais visitados em São Paulo: o Memorial da Resistência. Ali também atuou, por duas vezes, como curador de exposições temporárias e foi um dos primeiros a deixar seu testemunho de vida e resistência no programa Coleta Regular de Testemunhos.

Depois de 5 anos de prisão nos anos 70, Alípio não esmoreceu na sua visão de contribuir para a edificação de uma sociedade mais justa, tendo sido um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e redator-chefe durante alguns anos do jornal Brasil de Fato, publicação regular do Movimento dos Sem-Terra (MST).
Ao Alípio devemos muito e ele será sempre um exemplo para os que continuam na labuta por um Brasil mais justo, onde os valores da Democracia estejam no topo das prioridades políticas.

Mas, voltando ao tema da tragédia sanitária no país e da absoluta desorganização na vacinação ainda incipiente, vimos como um sinal positivo a instalação, por pressão da sociedade civil e do Judiciário, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que a partir deste mês de maio começará a investigar o papel que tiveram os responsáveis pelo descaso absoluto que resultaram nesse número recorde de mortos. Isso poderia levar a um início de responsabilização não somente do Presidente, mas também de seus ex-ministros pelos seus crimes, que se expressam numa média diária de mais de 2.800 mortos, ao lado de um agravamento da situação de miséria e fome absoluta no país.

Dignas de destaque este mês, vimos publicadas em todos os órgãos de imprensa nacionais e internacionais as pesquisas da FGV Social, com base no PNAD, mostrando que em 2019, antes da pandemia, havia no Brasil 24 milhões de pessoas (ou seja 11% da população) vivendo na pobreza absoluta (com menos de 247 reais /mês), e que em fevereiro de 2021 este número aumentou para 35 milhões de pessoas, ou seja, 16% do total.

Este fenômeno se agrava pela evidência de que, devido à pandemia e ao fim do auxílio emergencial, houve adicionalmente uma terrível queda da tradicional classe média (classificada como sendo da classe C, com ganhos médios de 1.900 a 8.000 reais/mês) para as classes D e E (que tem uma renda de 400 a 1900 reis /mês). Esta situação, evidenciam as pesquisas, atinge mais de 30 milhões de pessoas no país e nos mostra o empobrecimento geral da população. Ao lado disso, foi noticiado também que as 500 maiores fortunas do planeta acrescentaram ao seu patrimônio, em 2020, a incrível soma de 1,8 trilhão de dólares!

Para enfrentar este panorama desolador, não é somente suficiente formarem-se as redes de solidariedade que, de maneira paliativa e eficaz, ajudam os mais vulneráveis nas suas necessidades mais básicas. É preciso que as pessoas compreendam os motivos que nos levaram a esta dramática situação de desigualdade social.

Nós, do Núcleo Memória, tratamos humildemente de colocar nosso grão de areia para que se entendam as razões e os motivos de tal desprezo pela condição humana. Através de nossas atividades regulares, que podem ser lidas em detalhes neste Boletim, queremos incentivar a reflexão, entendendo que somente a consciência do respeito aos Direitos Humanos, tratados todos eles de forma indivisível, forma necessariamente e fundamentalmente os valores e princípios democráticos que queremos para nosso país.

Boa Leitura!

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Sábado Resistente - Direitos Humanos em Foco: Memória, Verdade e Justiça
 

O segundo Sábado Resistente de 2021, com o debate centrado em “Memória, Verdade e Justiça”, aconteceu no último dia 10 de abril, dando continuidade à temática que será trabalhada neste ano: Direitos Humanos em Foco. O tema gerador propõe trazer uma série de debates que visam refletir sobre a universalidade, a indivisibilidade, a interdependência dos direitos humanos e as lutas por cidadania, a partir de cada um dos subtemas.

Para conferir o evento na íntegra, clique neste link: https://youtu.be/4DzeZg-H1EY
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Confira a programação do primeiro semestre em nosso site.

 

 

Conhecendo os Lugares de Memória

No dia 22 de abril, das 20h às 22h, foi apresentado o “Sítio de Consciência Raul Soares Nunca Mais”, de Santos, São Paulo, segundo lugar de memória no âmbito do II Ciclo de Lives Conhecendo Lugares de Memória. O Navio Raul Soares foi utilizado como prisão política no período de 24 de abril a outubro de 1964 e estava atracado na Ilha Barnabé, onde podia ser visto de qualquer ponto da cidade, para servir como intimidação à população. Para conferir o evento na íntegra, clique neste link: https://www.youtube.com/watch?v=ZIlW4uzSsnQ

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Sábado Resistente

A terceira edição do Sábado Resistente deste ano se deu no dia 24 de abril, com o subtema “Os desafios da luta pela defesa dos direitos das mulheres”. Neste ano, os encontros têm como tema gerador Direitos Humanos em Foco e objetiva refletir a universalidade, a indivisibilidade, a interdependência dos direitos humanos e as contínuas lutas por cidadania.

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GT DOI-Codi

Formação em Coleta de Testemunhos. O Núcleo Memória participou da Formação Coleta de Testemunhos DOI-Codi/SP, realizada pelo Memorial da Resistência de São Paulo (MRSP) com a pesquisadora da instituição, Julia Gumieri. A formação tem por objetivo auxiliar na organização da equipe que realizará coletas de testemunhos com sobreviventes e servidores que passaram pelo DOI-Codi II Exército durante o período da ditadura civil-militar no Brasil.

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Participação em Seminário Internacional

Convidado pelo grupo de Iniciativa Global para Justiça, Verdade e Reconciliação (GIJTR), um dos órgãos da Coalisão Internacional de Lugares Históricos (ICHS), o Núcleo Memória participou no Seminário “O papel e responsabilidade dos setores privados na Justiça de Transição na África e América Latina”.

O seminário virtual ocorreu nos dias 26 e 27 de abril, com a participação de mais de 50 especialistas (advogados, acadêmicos, ativistas e defensores dos Direitos Humanos dos dois continentes) com o objetivo de intercambiar experiências e conhecer as boas práticas e lições relacionadas com a responsabilização do setor privado nos vários tipos de abusos e violações de Direitos Humanos ocorridas no passado e que continuam a ocorrer no presente nas duas regiões. Maurice Politi, Diretor Administrativo, representou o Núcleo Memoria no Seminário.

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