06/07/2020
Por Paulo Vannuchi
Após os múltiplos descaminhos que levaram à vitória de Bolsonaro nas urnas de 2018 – felizmente sub judice –, a cada mês novos segmentos despertam para reconhecer a catástrofe política que já nos envolvia antes da catástrofe sanitária imposta em 2020.
As 70 entidades que se reuniram inicialmente para organizar o movimento #BrasilpelaDemocracia#BrasilpelaVida estão conscientes dos traumas recentes que cindiram gravemente aquilo que costumávamos chamar campo democrático. São conscientes de que uma unidade ampla não será facilmente construída.
Registro positivo para conhecer a nova articulação é informar que ninguém foi alijado por seu engajamento em movimentos populares apresentados na mídia como radicais. Outro é perceber que a iniciativa não se estrutura em torno de atos esporádicos ou de um manifesto, que sempre gera infinitas interpretações subjetivas sobre o significado de cada palavra ou frase.
Foi redigido um termo de referência absorvendo contribuições pluralistas. Ali estão as linhas mestras para textos compactos de alcance amplo. A preocupação central é multiplicar ações, rompendo esquemas dogmáticos e doutrinários. Valerá por dois meses. Ao final desse prazo será decidido o que fazer. Por enquanto, somente organismos da sociedade civil. Em algum momento, virá o diálogo obrigatório com os partidos políticos.
Brilhante foi a síntese atingida no clip de 60 segundos lançado como release. Alguns não gostarão da presença de Lula na imagem selecionada ao lado de Ulysses e Brizola na campanha das Diretas Já. Outros lamentarão a falta de referências ao Golpe de 2016. Assim é a vida. Assim são os desafios de quem se atira a construir alianças com quem pensa diferente.
No mesmo vídeo, a unidade necessária se expressa em frases lapidares como A vida e a democracia são nossos bens mais valiosos; Resistência e luta são a base do nosso Estado Democrático de Direito; É hora de focar no que nos une e não no que nos separa.
Esta última evoca a saga cultural da reconstrução democrática do final dos anos 1970, cheia de mobilizações sindicais, populares ou estudantis. Lembro a música de Paulo Cesar Pinheiro e Eduardo Gudin, varrendo de ponta a ponta as universidades brasileiras em levante democrático a partir de 1977. Os artistas começavam admitindo: Tudo o que mais nos uniu, separou…. Mas o desânimo se transforma em astral de vitória nos versos: e de repente o furor volta, o interior todo se revolta e faz nossa força se agigantar.
Em 2020, a Virada é mais uma tentativa de fazer nossa força se agigantar.
Força de quem, cara-pálida?.
De todos os que decidirem se juntar na defesa da vida e para barrar agressões neofascistas. Empresários também? É o que se perguntam sindicalistas envolvidos. Uma resposta possível seria: sim, serão muito bem-vindos todos aqueles que se dispuserem a renovar atitudes corajosas como as de Teotônio Vilela, Severo Gomes, Claudio Bardella, Kurt Rudolf Mirow, Einar Kok, José Mindlin, Ricardo Semler no final da ditadura de 1964, inspiradores de Oded Grajew na construção do Instituto Ethos de Responsabilidade Social das Empresas.
Entre os atores decisivos para que nascesse a nova articulação merecem registro o empenho do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que conversou individualmente com todos os ex-presidentes da República, sem exceção; as centrais sindicais responsáveis pelo 1º de Maio mais unificado das últimas décadas; e também o Pacto pela Democracia, onde se alinham algumas das raras lideranças empresariais que não mergulharam na onda neofascista vitoriosa em 2018 sob a fraude de se evitar dois extremos.
Representantes das 70 entidades foram convidados a gravar vídeos de 1 minuto sob o mote que democracia queremos.
Se gravasse o meu, cuidaria de dizer: uma democracia onde a igualdade seja tão importante quanto a liberdade. E não um ingrediente desejável, mas impossível.
Democracia no Brasil significa: os mais pobres em primeiro lugar; a maioria negra; as mulheres oprimidas pelo machismo; a classe trabalhadora; os desempregados ou jogados na informalidade; os povos indígenas ameaçados de genocídio; as crianças que ainda vivem nas ruas.
Paulo Vannuchi é integrante da Comissão Arns e Conselheiro do Núcleo Memória, jornalista, foi ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos.
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