15/06/2022
Na segunda-feira (6), logo cedo, me assustei com uma mensagem no WhatsApp. Me perguntavam se Tom Phillips, correspondente do The Guardian no Brasil, estava desaparecido no Vale do Javari, uma das regiões mais perigosas da Amazônia. Meu marido, Jonathan Watts, é editor global de meio ambiente do jornal britânico e vive na Amazônia comigo. Tom, porém, estava em sua casa, no Rio de Janeiro, e atendeu prontamente ao celular. Se não era Tom, quem então estaria desaparecido? Dom Phillips, concluímos no segundo seguinte.
A diferença de apenas uma letra no nome de dois jornalistas que escrevem para o The Guardian no Brasil costuma provocar confusão. Dom é um dos melhores amigos de Jon, é um cara adorável, excelente jornalista, repórter experiente e responsável. Sabíamos que Dom estava trabalhando num livro sobre a floresta. Pedi então a uma liderança indígena do Vale do Javari que me enviasse uma foto da pessoa desaparecida, para que pudéssemos ter certeza. Quando a imagem se abriu no celular, a certeza era uma mão esmagando o estômago. Sim, era Dom. Nosso amado Dom, com seu rosto solar, de quem nada teme mostrar ao mundo, vestido pelo verde da floresta ao seu redor.
A dor então se tornou mais pungente. Era preciso contar à sua esposa, nossa amiga Alessandra, e à família na Inglaterra, que Dom estava desaparecido havia 24 horas. Também era necessário informar ao Guardian, jornal com o qual Dom colabora com mais frequência. Quem viajava com Dom era Bruno Pereira, um dos mais importantes indigenistas de sua geração, exonerado de seu cargo na Fundação Nacional do Índio em 2019, quando Sergio Moro era ministro da Justiça, após comandar uma operação de repressão ao garimpo ilegal. Servidor de carreira da Funai, Bruno precisou pedir licença do órgão para seguir protegendo os indígenas: sob o governo de Bolsonaro, a Funai se tornou um órgão contra os indígenas.
Precisávamos nos mover muito rapidamente porque sabíamos que o governo Bolsonaro nada faria a não ser que houvesse muita pressão. Nosso temor logo se comprovaria legítimo: a demora deliberada em mobilizar recursos humanos e materiais por parte do governo se tornou evidente desde o primeiro dia, culminando com a nota: “O Comando Militar da Amazônia está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história. Contudo, as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”. Como se sabe, o “acionamento” demorou demasiado a chegar. Como jornalistas que cobrem e vivem na Amazônia, sabemos que tempo é crucial na floresta. Cada segundo conta. E cada segundo contou.
Nesta segunda-feira (13), acordei de um sono rarefeito com a notícia de que os corpos tinham sido encontrados amarrados a uma árvore. Desde a descoberta da mochila, roupas, botas, restos materiais de uma vida, de gestos interrompidos, de desejos, um frio se instalou dentro de mim, de dentro para fora, e passei a noite tremendo. Para este frio não há cobertor. Para este frio nunca haverá cobertor. Algum tempo mais tarde, a notícia foi desmentida. Os objetos pertenciam a eles, mas ainda não haveria corpos. No momento em que escrevo, não sabemos se os corpos foram ou não encontrados. É mais uma obscenidade do atual contexto do Brasil.
Meu maior temor desde a semana passada era que os corpos não fossem encontrados, porque acompanho a dor dilacerante de familiares de desaparecidos políticos da ditadura empresarial-militar que Jair Bolsonaro tanto exalta. Não ter um corpo para chorar é a tortura que jamais acaba, é o luto que não pode se completar e, portanto, jamais será superado. Ainda assim, descobri nesta manhã de segunda, havia algo dentro de mim esperando por um milagre, porque quebrei. Levei algumas horas para reunir minha raiva e me colocar em pé para escrever este texto. E aí quebrei de novo pelo horror de não saber qual é a informação verdadeira.
Dom e Bruno possivelmente estão mortos. São as mais recentes vítimas da guerra liderada por Bolsonaro contra a floresta, seus povos e todos aqueles que lutam em defesa da Amazônia.
Este é o ponto.
O desaparecimento de Dom e Bruno é apenas a mais recente violência na Amazônia aprisionada neste país a que chamamos Brasil, governado por um defensor da ditadura, da execução e da tortura chamado Jair Bolsonaro. Estamos em guerra. E afirmar isso não é retórica.
É desesperador ficar gritando que estamos em guerra e não sermos entendidos. Porque entender não é concordar, retuitar ou dar likes, é algo mais duro: é agir como pessoas que vivem uma guerra. Se no Brasil e no mundo as pessoas não compreenderem isso desta vez, as vidas de quem está no chão da floresta, com os corpos na linha de frente, valerão ainda menos do que valem agora. E quando as lideranças dos povos-floresta, os ambientalistas, defensores e jornalistas da linha de frente estiverem mortos, a floresta também estará. Sem a floresta, o futuro será hostil para as crianças que já nasceram. Filhos, sobrinhos, netos, irmãos de quem está lendo este texto. Sua gente. Vocês.
É inegável que a comoção nacional e internacional pelo desaparecimento é maior porque Dom Phillips é branco e é um cidadão britânico. Este é um fato facilmente verificável se compararmos com os assassinatos que abriram a temporada de execuções deste ano na Amazônia, em São Félix do Xingu, município com o maior rebanho bovino do Brasil. Protetores da floresta anônimos e sem amigos influentes, José Gomes, o Zé do Lago, sua mulher, Márcia Nunes Lisboa, e a filha Joane Nunes Lisboa, de 17 anos, pouco foram lamentados e o crime está impune até hoje. Do mesmo modo, em 2019, Maxciel Pereira dos Santos, colaborador da Funai por mais de uma década, foi executado com dois tiros na nuca sem que o mundo tenha se movido. Como a maioria dos crimes contra os invisibilizados, o dele também segue impune.
O que quero dizer é que esse movimento imenso, forte e potente que foi feito por Dom e Bruno, do qual fiz parte desde literalmente o primeiro minuto, precisa agora se ativar por todos.
Todos. Todas. Todes.
Ou sucumbiremos. Os que estão no chão da floresta, em sangue. Os que vivem nas grandes cidades do Brasil e do mundo, de impacto climático, cuja pandemia de covid-19 foi só um dos primeiros momentos de catástrofe.
Há cinco anos escolhi viver em Altamira, uma das regiões mais violentas do mundo, porque escolhi estar na linha de frente da guerra climática. Defendo, assim como outras pessoas, que os verdadeiros centros do mundo são os enclaves da natureza, os suportes naturais de vida, como as florestas tropicais e os oceanos, os demais biomas, como o Cerrado e o Pantanal. Nesses centros, as semanas começam e terminam com casas incendiadas, tiros desferidos por pistoleiros, pedidos de socorro de defensores da floresta e de comunidades inteiras, ameaças de morte.
O início da semana passada, com a notícia do desaparecimento de Dom, não foi uma exceção. Apenas a vítima estava mais perto, apenas Dom pertencia ao mesmo estrato social de pessoas públicas capazes de fazer sua voz chegar longe e tinha o passaporte de cidadão inglês, algo que ainda é vantagem num mundo em que os muros só fazem se multiplicar.
A violência de Estado, associada com a iniciativa privada, no conluio perverso que estruturou o Brasil, é avassaladora principalmente desde a ditadura empresarial-militar (1964-1985). Houve alguns períodos de menor violência durante a redemocratização, em especial quando Marina Silva era ministra do Meio Ambiente do governo Lula (PT), mas a destruição nunca foi estancada. As terras indígenas jamais foram demarcadas em sua totalidade, como a Constituição Federal determinou que acontecesse, num prazo de cinco anos após a promulgação em 1988. A Funai em nenhum momento foi suficientemente fortalecida para evitar ser desmantelada por governos inimigos da floresta e de seus povos. As unidades de conservação precisariam ter sido ampliadas e realmente protegidas, com efetivo humano e tecnológico que permitissem cuidado real, fortalecendo órgãos como Ibama e ICMBio, num nível muito maior do que aconteceu nos melhores momentos de democracia, e não foram. Também a reforma agrária deveria ter sido realizada para dar condições efetivas para o desenvolvimento da agroecologia por camponeses sem terra e assentados. Sem reforma agrária na floresta e em outros biomas, é importante deixar explícito, não haverá justiça climática.
A violência voltou a escalar no período que precedeu o impeachment contra Dilma Rousseff (PT) e explodiu desde que Michel Temer (MDB) usurpou o poder apoiado por um Congresso corrupto e uma imprensa cúmplice. Ascendeu a um nível ainda mais grave desde que Bolsonaro se tornou um candidato com chances de vencer. Quando o extremista de direita assumiu o poder, a escalada de destruição foi ainda mais acelerada. Neste ano eleitoral de tudo ou tudo para Bolsonaro e sua base de apoio na Amazônia, composta por grileiros (ladrões de terras públicas), madeireiros e chefes de garimpo, a violência alcança níveis inéditos e a temporada de fogos ainda nem começou.
Vai piorar.
Quero dizer muito enfaticamente que, neste momento, foi ultrapassado um limite na Amazônia em território brasileiro. E isso coloca a guerra num outro patamar de uso de violência, também para jornalistas. Se sua morte for comprovada, Dom Phillips será quase certamente o primeiro jornalista assassinado na floresta amazônica nas últimas décadas. Houve profissionais de imprensa executados em contextos urbanos da Amazônia, mas não na floresta. A morte violenta de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, indigenistas, ambientalistas e ativistas é frequente. Mas não de jornalistas. E especialmente não de jornalistas brancos e menos ainda de estrangeiros do norte global.
Matar jornalistas, tanto quanto matar estrangeiros de países com poder econômico e político, costuma ser um péssimo negócio para os criminosos, porque atrai mais imprensa, mais autoridades, mais atenção internacional, mais repressão ao crime. Isso foi constatado na história recente quando a missionária estadunidense Dorothy Stang foi perfurada por seis tiros em 2005, no município de Anapu, no Médio Xingu. Desde então, os violadores da floresta e de seus povos têm seguido uma dupla estratégia: por um lado, matar lideranças nas cidades, para que o crime não seja enquadrado como conflito de terra; por outro, têm apostado em desqualificar aqueles que podem ter uma ressonância mais ampla, como aconteceu em 2018 com o Padre Amaro Lopes, uma das pessoas que levavam adiante o trabalho de Stang e que foi preso numa operação espalhafatosa, destinada a arruinar sua reputação.
Esse era um limite respeitado por questões pragmáticas do crime. Seu rompimento aponta para pelo menos quatro direções: 1) o descontrole também nas operações criminosas, o que multiplica os riscos; 2) o avanço do narcotráfico e do crime organizado na floresta; 3) o crescente envolvimento de pessoas de comunidades tradicionais da floresta em atividades ilegais, com frequência porque não têm outra alternativa, já que não há qualquer proteção por parte do Estado; 4) a certeza da impunidade dos autores e mandantes de crimes contra a floresta e seus povos, assegurada cotidianamente por Bolsonaro e seu governo.
Pessoas respeitáveis afirmam que o Estado está ausente na Amazônia. Não compartilho dessa visão. Entendo que o Estado está muito presente na Amazônia atualmente. Bolsonaro se apropriou do Estado e o corrompeu em níveis sem precedentes. Isso explica a nota do Comando Militar da Amazônia já citada anteriormente, afirmando que tinha todo o treinamento e condições para buscar as pessoas desaparecidas, mas não tinha recebido ordem para fazê-lo. Explica também que quem realmente empreendeu as buscas e nunca parou de procurar, com todos os recursos que tinham, foram os indígenas, sob a coordenação da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). Nos primeiros dias de busca, além deles, literalmente apenas meia dúzia de policiais militares. Explica ainda que não tenha sido cedido nenhum helicóptero para as buscas nos primeiros momentos.
Não é incompetência nem descaso. É método. Às vésperas das eleições, Bolsonaro mostrou que o Estado brasileiro está dominado por ele e suas bases criminosas e que nada faria por defensores da floresta, chegando a chamar a expedição de trabalho para denunciar crimes cometidos na floresta, empreendida por Dom Phillips e Bruno Pereira, de “aventura não recomendável”. Desqualificar as vítimas, como sabemos bem, é método recorrente. E funciona.
Nosso dia seguinte será determinado pelo que acontecerá em quatro direções: 1) elucidação do provável crime e a responsabilização dos culpados, para muito além dos executores. É necessário identificar os mandantes e julgá-los. Não basta nem nunca bastou encontrar aquele que executou o ato e que, em geral, é a ponta mais frágil da cadeia de operações criminosas que, com frequência, tem seu comando e seus lucros fora do Brasil ou em estados do Centro-Sul, como São Paulo; 2) pressão para a real proteção da floresta, com sanções imediatas ao governo de Bolsonaro e aumento do boicote aos produtos do desmatamento e a acordos econômicos com o Brasil que envolvam desmatamento; 3) aumento da mobilização contra o pacote de projetos da maldade, em tramitação no Congresso, para permitir o avanço predatório sobre a floresta, como os que envolvem mineração em terra indígena, regularização de terra grilada e marco temporal; 4) envolvimento direto de cada cidadão do Brasil e de outros países para a criação de redes de proteção mais amplas e efetivas de defensores da floresta, para que cada crime ou tentativa de crime tenha repercussão massiva e imediata.
O mais difícil neste momento é também nossa única chance de salvar a Amazônia, seus defensores e cada um de nós, habitantes deste planeta-casa. O mais difícil é compreender – compreender de verdade – que esta é uma guerra e que a ilusão de que há algum lugar seguro é só isso mesmo, uma ilusão. O mais difícil é entender que a ilusão de que ainda há escolha é parte intrínseca deste novo tipo de guerra.
Tenho tentado explicar a pessoas próximas que não há escolha entre lutar e não lutar. A escolha é apenas entre escolher viver lutando ou esperar que a guerra mate tudo aquilo que você ama e respeita. Nas cidades do Centro-Sul do Brasil essa ilusão ainda pode ser alimentada e distraída pelo consumo e pelos produtos de entretenimento. No coração da Amazônia, no Cerrado e em outros biomas, essa ilusão é impossível. A guerra está conosco todo dia – e ela não dá tréguas.
Em semanas como esta, nós, que ainda estamos vivos, temos que escolher o que denunciar e por quem nos mobilizamos. É uma indignidade. Enquanto o mundo clamava legitimamente por Bruno Pereira e Dom Phillips, no lote 96, um assentamento camponês em Anapu (PA), agricultores tiveram que se esconder no mato, na madrugada, para escapar dos tiros de pistoleiros. Erasmo Theofilo, sua mulher e seus cinco filhos estão dramaticamente ameaçados, e, como eles, há outras pessoas e famílias sofrendo atentados e violências por toda a Amazônia neste momento, como as mulheres indígenas estupradas por garimpeiros no território Yanomami.
Ter que escolher por quem gritamos é também uma violência, uma em que, além de sermos violentados, somos corrompidos. E, no entanto, assim é. Precisamos fazer campanhas por pessoas ameaçadas de morte neste momento, mas tememos não conseguir mobilizar a opinião pública. E tememos que, após estas semanas de horror, aqueles que se moveram por Dom e por Bruno recuem para recuperar as forças e nossos gritos caiam em ouvidos esgotados.
Esta é a realidade da guerra. Os corpos seguem tombando porque não são mais exceção. Ou nos tornamos irmãos, amigos, familiares de todos que tombam ou estão ameaçados de tombar, independentemente dos laços de sangue, de amizade, de raça ou de nacionalidade, ou seguiremos perdendo. E perdendo e perdendo até que sejamos nós a tombar.
Escuto com frequência que, se derrotarmos Bolsonaro nas urnas, em outubro, poderemos reconstruir o Brasil. É evidente que não há nenhuma chance para nenhum de nós se Bolsonaro continuar no poder. Não há nenhuma chance nem mesmo para os seguidores do bolsonarismo se seu “mito” continuar no poder. Em algum momento, mais cedo do que tarde, eles descobrirão isso da pior forma.
A questão, porém, é que não será possível apenas “reconstruir” o Brasil. Não estamos no século 20 e o que acontece na Amazônia e no Brasil não é remotamente similar a um pós-guerra nos moldes da Europa depois de 1945 ou mesmo da redemocratização do Brasil pós-ditadura empresarial-militar. Estamos em colapso climático. Estamos na sexta extinção em massa de espécies. Ambas as catástrofes provocadas pela minoria dominante que, nas palavras do grande pensador Yanomami Davi Kopenawa, comeu o planeta.
Teremos que recriar um país que sempre foi estruturalmente racista e brutalmente desigual enquanto enfrentamos o maior desafio da trajetória humana no planeta-casa. É uma tarefa imensa diante de pelo menos três gerações de adultos, das quais faço parte, comprovadamente egoístas e corrompidas pela lógica de mercado. Ainda assim, é a matéria humana que temos, razão pela qual adolescentes como Greta Thunberg assumiram o protagonismo. E é com essa matéria humana que precisamos travar essa guerra que, até agora, se provou um massacre, dada a desproporção das forças. Só existe ainda pelo que lutar porque os povos que se mantiveram como natureza fazem a resistência há séculos. No Brasil, desde 1500.
A guerra mais importante deste momento, a que definirá o futuro muito próximo, o amanhã das crianças que já nasceram, é a que se passa na maior floresta tropical do planeta e em outros enclaves da natureza, estes que defendemos que são os legítimos centros do mundo. A guerra que a Rússia de Vladimir Putin inflige à Ucrânia é ainda uma guerra do século 20. As guerras mais longas e mais difíceis de vencer, as do século 21, são as que se passam nos suportes naturais de vida neste momento, estas que acabam de vitimar Dom Phillips e Bruno Pereira. Sem compreender essa mudança de chave talvez seja impossível dar a resposta urgente que precisamos agora se quisermos barrar nossa autodestruição.
A Amazônia pode estar, segundo os cientistas, a apenas alguns anos do ponto de não retorno. Sem a floresta em pé, não há possibilidade de controlar o superaquecimento global. O desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira também significa um ponto de virada na Amazônia. Um tipo diferente de tipping point, mas, ainda assim, muito perigoso para a saúde do planeta. Como jornalistas, precisamos responder à violência com jornalismo, precisamos terminar o trabalho que Dom Phillips começou. Como viventes deste planeta, precisamos mostrar que, para cada um de nós que cair, milhares levantarão.
Ainda não é suficiente, porém. Se queremos que as crianças do presente possam futurar, é necessário que a comunidade global deixe de ser uma fantasmagoria e passe a existir no campo da ação, ao se engajar na guerra mais letal de nossa época, a guerra da natureza, a guerra da Amazônia. Nesta guerra, onde hoje morrem espécimes, no futuro pode sucumbir toda uma espécie. Como toda a guerra, ela não demanda nossa ação uma ou outra vez, ela demanda nosso compromisso todo dia, ela demanda ser nosso primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir. Estar submetido à guerra e não reconhecer a guerra é o mais perigoso tipo de negacionismo. Refiro-me não ao negacionismo calculado de Bolsonaro e de seus fiéis, mas ao negacionismo que domina a maioria como sintoma – e também como escudo, pela insuportabilidade da vida em catástrofe.
Bruno Pereira conhece a essência dessa guerra e nunca parou de lutar. Dom Phillips está escrevendo um livro com o título: “Como salvar a Amazônia?”. E nós?
Até os organismos mais primários têm instinto de sobrevivência. Faço aqui um apelo ao instinto de sobrevivência de cada um. Tudo o que estamos fazendo não é suficiente. É hora de fazer não apenas o que sabemos, mas o que não sabemos. Não apenas por altruísmo ou por compaixão pelos que tombam. Mas pela vida. A guerra da Amazônia é a guerra deste tempo. A guerra da Amazônia é a guerra contra os comedores de planeta. Coube a nós, que ainda estamos vivos, travar essa guerra. Que tenhamos vergonha na cara e lutemos.
Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista, autora de “Brasil Construtor de Ruínas - um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro” (Arquipélago) e “Banzeiro òkòtó, uma viagem à Amazônia Centro do Mundo” (Companhia das Letras). Jornalista mais premiada da história do Brasil, vive em Altamira, na Amazônia.
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