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NÚCLEO MEMÓRIA

Direitos humanos |   Exonerado e perseguido por Bolsonaro, Ricardo Galvão ganha prêmio internacional de liberdade científica

Mais de um ano após ser exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) durante o governo Bolsonaro por ter alertado sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, o professor titular da USP (Universidade de São Paulo) Ricardo Galvão foi anunciado vencedor do prêmio 2021 de Liberdade e Responsabilidade Científica da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).

O prêmio homenageia cientistas que demonstraram liberdade científica e/ou responsabilidade em circunstâncias particularmente desafiadoras, às vezes pondo em risco sua segurança profissional ou física. Quando o presidente Jair Bolsonaro atacou a legitimidade de dados do Inpe que mostravam o aumento dramático no desmatamento na Amazônia, Galvão defendeu os números:

“O professor Galvão defendeu a ciência sólida em face da hostilidade”, disse Jessica Wyndham, diretora do Programa de Responsabilidade Científica, Direitos Humanos e Direito da AAAS. “Ele agiu para proteger o bem-estar do povo brasileiro e da imensa maravilha natural que é a floresta amazônica, um patrimônio mundial.”

Galvão entrou no Inpe em 1970 e cumpriria mandato até 2020. Em julho de 2019, no entanto, ele começou a ser atacado pelo presidente, que o acusou de mentir e estar “a serviço de alguma organização não governamental”, após o Inpe ter publicado um relatório mostrando que houve um aumento de 88% no desmatamento na Amazônia em comparação com o ano anterior. O relatório citou uma possível ligação entre a eleição de Bolsonaro e o aumento pronunciado da degradação da terra.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) tem reputação internacional como líder no uso de satélites para detectar extração ilegal de madeira e queimadas em florestas tropicais. O Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) da agência pode detectar o desmatamento ilegal com rapidez suficiente para dar às autoridades policiais a chance de pará-lo.

Desde sua saída do INPE, o professor não para de se pronunciar contra o que considera a hostilidade de Bolsonaro em relação à ciência. Um artigo da revista científica Nature o nomeou uma das “dez pessoas mais influentes na ciência em 2019”.

A cerimônia de premiação, que ocorre desde 1980  será realizada  hje, dia 10 de fevereiro, de forma virtual durante a 187ª Reunião Anual da AAAS. Em resposta ao anúncio do prêmio, Galvão publicou um texto de agradecimento:

“Estou profundamente grato à American Association for the Advancement of Science por me conceder o Prêmio de Liberdade Científica e Responsabilidade. Como latino-americano, receber este prêmio é bastante significativo não só para mim, mas também para muitos outros companheiros cientistas que, em diversas ocasiões, reagiram bravamente a políticas negacionistas de poderosos líderes político em relação à preservação da floresta amazônica. Muito obrigado”.

Fonte: Observatório  do Clima


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