27/12/2021
Até meados de 2020, pouca gente tinha alguma ideia sobre o que era saúde pública.
Tópico presente em todas as eleições para todos os cargos e em todos os níveis de governança -eu vou melhorar a saúde do povo!, bradam todos os candidatos-, saúde pública sempre se confundiu com prestação de serviço, com fila de atendimento, com vagas em hospitais, com sistema de saúde.
Para quem ainda tinha alguma dúvida, o ano de 2021 mostrou a todos, inequivocamente, que esta é uma visão errônea, parcial, atrasada e extremamente prejudicial.
Ao analisarmos as consequências da pandemia, percebemos a extensão dos seus danos: a doença e as falhas no seu combate em 2020 e 2021 trouxeram mortes, sequelas físicas e mentais, interrupção de crescimento econômico, evasão escolar, desemprego, aumento da fome, da pobreza, da violência e muito mais.
Uma única doença, cuja origem está no outro lado do mundo, impactou todos os setores socioeconômicos --um prejuízo imensamente maior do que o que se desenhou isoladamente sobre a saúde física da população.
É inconcebível, portanto, ignorar que a saúde pública é composta por unidades de saúde, sim, seus recursos humanos, remédios e exames, mas também por educação, informação, segurança física, emocional e social, emprego, infraestrutura, proteção ambiental, governança e muitos outros aspectos.
Nosso sistema de saúde foi desnudado pela covid-19. Se na teoria o SUS (Sistema Único de Saúde) tem sua base na produção de saúde ao se utilizar da atenção primária para a promoção do cuidado, na prática e no estresse de uma crise mundial, ele foi desvirtuado para concentrar suas forças em hospitais --a atenção terciária.
Em vez de evitarmos a doença, fomos tratá-la no seu pior momento. Permitimos que o paciente adoecesse e corresse o risco de o caso se tornar grave. Sabendo do desfecho provável que aguardava este paciente, esta conduta é homicida. Assumiu-se o risco de matar.
Tornada política de saúde pública, o absurdo é potencializado exponencialmente. Transformamos um sistema de saúde em um sistema de doença, sobrecarregado, decadente e deletério. Mas isso não foi exclusividade do nosso sistema público de saúde.
O setor privado não teve resultado melhor e a explicação para isso é clara: nossas dificuldades não são atreladas unicamente à inexistência de recursos ou à desigualdade na sua distribuição. Da mesma forma que no setor público, a inabilidade em colocar o paciente no centro do cuidado, a precariedade da formação dos profissionais do setor, a hipermedicalização da saúde (não, não existe uma pílula mágica para todas as doenças), a falta de diálogo com outros setores da sociedade e a desorganização central levaram aos tristes números que colecionamos até hoje.
Ainda assim, em determinado momento, compreender que definimos erroneamente o que é um sistema de saúde, que o tomamos como um sistema baseado em doença e que sua incoordenação e isolamento cognitivo e operacional são insuficientes para explicar nosso momento atual é fundamental.
Há um elemento definidor, friamente calculado, que minou os esforços esparsos do restante da sociedade em contrário e provocou uma vulnerabilização inédita da população brasileira. Provocou divisões, explorou ignorâncias, manipulou emoções e nutriu deficiências morais, tudo em nome de interesses muito diversos do bem comum.
Algo que deveria ser tipificado como crime contra a humanidade, porque intencionalmente leva ao sofrimento e ao óbito de milhões de pessoas sem condições cognitivas de se defender de ataque tão perverso ao mesmo tempo que permite a construção de carreiras de pseudoprofissionais em cima de pilhas de corpos.
A desinformação dolosa, delicado eufemismo para nos referirmos a um esquema criminoso de propagação deliberada de mentiras, organizado em detalhes e requintadamente financiado, se caracterizou como o maior inimigo de 2021 e o grande perigo de 2022.
Manaus não aconteceu à toa. Uma sucessão de erros e decisões absurdas facilitou o surgimento de uma variante de péssimo perfil em uma região carente de recursos de saúde, um ambiente sem preparo para lidar com tamanho estresse e dominada por um desprezo organizacional enojante.
As vacinas chegaram com enorme atraso, mas encontraram uma população culturalmente adaptada à proteção de ferramenta tão valiosa e que, única e exclusivamente por isso, avançaram o nosso combate à pandemia, a despeito das tentativas ostensivas de descrédito e destruição da nossa estrutura vacinal por parte de quem teria obrigação de protegê-la.
E o conjunto destas circunstâncias, aplicado a outros territórios do globo e por um acaso da natureza (porque poderia facilmente ter sido por aqui), fez surgir uma nova variante capaz de nos fazer retroceder muitas casas neste jogo do combate. Em suma: nada, NADA nesta equação é por acaso. E jamais poderemos esperar resultados diferentes se mantivermos estes comportamentos.
O próximo ano, portanto, exige uma revolução profunda e ela é muito mais densa do que o que você, leitor ou leitora, está pensando. É uma revolução de valores morais, de relacionamento com o próximo e com a natureza, de exercício da nossa cidadania, da compreensão de direitos e deveres. E não, isso não tem inspiração filosófica ou pouco conectada com a realidade, muito pelo contrário: são estes aspectos imaturos que nos trouxeram até aqui e que perpetuarão o nosso sofrimento caso não sejam definitivamente abordados.
Em termos planetários, nossa inércia nos trará um 2022 de sofrimento contínuo caso não lutemos pela redução das desigualdades na saúde pública global: quanto mais ignorarmos as dificuldades de outros indivíduos em todos os lugares, maior será a ameaça à nossa sobrevivência. Fato indiscutível. É primordial que nos comprometamos com metas globais e, mais do que isso, executemos tudo o que for possível para chegarmos até elas.
Em termos locais, 2022 será a prova de fogo do Brasil. É ano eleitoral. Elegeremos presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais ou distritais. Entretanto, nunca passamos por momento em que estas escolhas refletissem tão claramente nossos valores.
Nossa educação, dilapidada por tantas décadas, não conseguiu impedir a criação de um abismo cognitivo-moral, no qual a estupidez, a ignorância e a vilania são valorizadas, incentivadas e exibidas sem pudor por todo o país.
Sua sustentação é caminho de perpetuação da pandemia e de aprofundamento dos problemas que ela causou nestes dois últimos anos. Sua interrupção, por outro lado, não é resolução de nada, mas, sim, luz no fim de um túnel longo, cuja travessia só será possível se trabalharmos persistentemente juntos e na mesma direção.
O impacto da pandemia poderá ser amenizado e as fissuras do nosso sistema de saúde poderão começar a ser reparadas, resultando em menor sofrimento para todos.
Decisão nossa, tão direta, clara e transparente quanto enorme a nossa responsabilidade.
Que tenhamos lucidez. É ela o nosso único remédio.
Luana Araujo é médica infectologista, epidemiologista e cidadã brasileira.
Fonte: UOL
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