Memória em Ação
setembro/23

EDITORIAL

O mês de setembro começou com um relativo esfriamento no cenário político e uma menor polarização percebida no tom das redes sociais, até mesmo devido às reações em relação às investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal, que implicam o ex-presidente Bolsonaro em atividades de improbidade. Isso mantém o clima político em suspense até que a totalidade da delação de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, seja revelada.

Esse fato resultou num 7 de setembro mais pacífico, em ambiente mais desanuviado do que as comemorações realizadas em anos anteriores e a volta a um melhor relacionamento do governo com suas Forças Armadas.

Passados os festejos do Dia da Independência, o presidente Lula deu prioridade à inserção do país no cenário internacional, viajando no dia 8 para a Índia para participar da reunião do G20 como presidente do grupo até o final do próximo ano.

Em vários encontros bilaterais e no seu discurso, Lula enfatizou que a prioridade maior do governo brasileiro será promover diálogo e políticas para combater a desigualdade nos países, além da busca fortalecer os tratados pela paz mundial.

Imediatamente após o encontro na Índia, o presidente Lula viajou para os Estados Unidos, onde fez, no dia 19, o primeiro discurso da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Interrompido sete vezes por efusivos aplausos, mais uma vez sentiu-se a diferença em relação aos anos anteriores. Nessa reunião que ocorre anualmente e na qual estão presentes mais de 190 países membros, foi discutida a definição de políticas futuras, especialmente a conscientização sobre os problemas derivados do agravamento das condições climáticas em todo o mundo.

Entre as decisões mais importantes do Judiciário deste mês, estão as primeiras condenações aos golpistas que atentaram contra o Estado de Direito no dia 8 de janeiro e, também, a rejeição pelo STF da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Por 9 votos a 2, o Plenário decidiu que a data da promulgação da Constituição Federal (5/10/1988) não pode ser utilizada para definir a ocupação tradicional da terra por essas comunidades, decisão esta que foi comemorada intensamente pelos povos originários que tinham se concentrado em Brasília à espera desta decisão.

No entanto, esta decisão provocou o setor ligado ao agronegócio que, através de seus representantes na Câmara e no Senado, voltaram a discutir alternativas para rechaçar esta tese com a redação de um projeto de lei sobre o mesmo tema. De forma que este assunto terá ainda “muito pano pra manga” nos meses vindouros.

Finalmente, salientar que as chacinas policiais continuaram ainda este mês em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro principalmente. Nelas se seguiram vendo marcas brutais de um passado que queríamos sepultar, como cadáveres apresentando sinais de unhas arrancadas, de fuzilamentos e de tiros na nuca. Mostrando que a impunidade segue nestes Estados e que a polícia continua, de modo geral, a proteger criminosos.

Este último ponto nos leva a seguir advogando por uma necessidade urgente de um programa de educação em Direitos Humanos que abranja as forças policiais e que seja o paradigma para uma nova concepção de luta contra o crime organizado.

Nós, do Núcleo Memória, sentimos estar contribuindo para esta nova visão dos Direitos Humanos, no trabalho educativo e cultural incessante contra a impunidade, que concretizamos através dos nossos cursos, palestras e visitas aos Lugares de Memória já constituídos na cidade de São Paulo.

Um exemplo destas atividades está neste boletim.

Desejamos boa leitura a tod@s


ATIVIDADES EDUCATIVO CULTURAIS

Sábado Resistente debate conclusões e desdobramentos da Comissão Nacional da Verdade

 

No dia 16 de setembro, foi realizado mais um Sábado Resistente, atividade em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo desde o ano de 2008.  Parte do ciclo tem como tema gerador os conceitos e exemplos históricos a respeito de Totalitarismos e Resistências, que tem como objetivo principal refletir sobre a sua proliferação, desde as primeiras décadas do século XX.

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Você pode conferir o debate completo aqui.

No mês de setembro, Núcleo Memória organiza visitas ao antigo DOI-Codi

 

Nos dias 20 e 23 de setembro, o Núcleo Memória organizou duas visitas mediadas no antigo DOI-Codi, em São Paulo. Na quarta-feira, dia 20, um grupo de 45 pessoas entre estudantes, professores e pesquisadores inscritos no programa mensal de visitas pôde conhecer mais das dependências do antigo centro clandestino de tortura. Já no sábado, dia 23, um grupo de 15 pessoas, convidadas pelo professor Mauro Castilho e pela professora Sônia Brandão da PUC São Paulo, realizaram a visita como parte de atividades do programa da pós-graduação em Educação, História, Política e Sociedade.

No sábado, dia 30/10, foi realizada uma visita mediada para as turmas do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, onde ao menos 60 pessoas puderam conhecer as dependências do antigo centro de repressão e tortura, guiados pelo historiador e educador do NM, César Rodrigues, da coordenadora do GT DOI-Codi, Deborah Neves, e da mestranda pela Unicamp Patricia Bertozzo. Esta visita foi organizada pelo GT DOI-Codi.

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Núcleo Memória realiza rodas de conversas com estudantes

 

Neste mês, o Núcleo Memória realizou duas rodas de conversa no Memorial da Resistência com alunos de pós e da graduação de duas importantes universidades de São Paulo. No dia 23/9, recebeu 20 estudantes da pós-graduação da PUC-SP em Educação, História, Política e Sociedade. Já no dia 28/9, recebeu 15 estudantes dos cursos de Direito e Relações Internacionais da UNIFESP.

Núcleo Memória realiza atividade com alunos da UNIFESP

Maurice Politi participa de Roda de Conversa no Memorial da Resistência com alunos da PUC


NÚCLEO MEMÓRIA PARTICIPA

Maurice Politi participa de conversa no Café com Paulo Freire

 

No dia 25 de setembro, Maurice Politi, diretor do Núcleo Memória, foi convidado para uma aula virtual sobre "Justiça de Transição e Direitos Humanos - A experiência dos Lugares de Memória em São Paulo" para o grupo denominado Café com Paulo Freire, da cidade de Garopaba (Santa Catarina).

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Clique aqui para assistir a conversa.

Lembrar É Resistir: Núcleo Memória participa de evento na PUC-SP

 

No dia 25 de setembro, foi realizado um evento em memória da Invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) pela Polícia Militar, que ocorreu durante a ditadura militar em 22 de setembro de 1977. Na ocasião, estava acontecendo o 3° Encontro Nacional dos Estudantes, que buscava a reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE), então proibida pelo regime. Foi nesse contexto que a universidade foi vítima da truculência ilegítima da violência de Estado.

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Para assistir ao evento na íntegra, clique aqui

Confira como foram as três primeiras aulas do curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil 2023

 

No mês de setembro foi iniciada a edição 2023 do curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil. Um dos cursos mais longevos de direitos humanos na cidade de São Paulo e no país, esta edição estará sendo realizada em parceria com a MariAntonia da USP.

O curso pretende compartilhar o conceito de lugares de memória, sua potencialidade pedagógica em experiências internacionais, nacionais e na cidade de São Paulo, desvelando aspectos das disputas em torno da memória e do esquecimento. Confira o resumo de cada aula:

Primeira aula do curso Lugares de Memória e Direitos Humanos do Brasil 2023, ministrada por Marcos Napolitano, trata do golpe de Estado e da gênese da ditadura militar

Maurice Politi debate Estruturação e operação do aparato repressivo na segunda aula do curso LMDH 2023

Terceira aula do curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil trata das resistências políticas e luta pela democracia

PRÓXIMAS ATIVIDADES
 

Programa de Visita Mediada ao antigo DOI-Codi/SP
18/10, 14h
Local: Rua Tutóia, 921

Sábado Resistente: Crime na Ditadura: 50 anos sem corpo e sem verdades · Gildo Lacerda, presente!
28/10, 14h
Local: Memorial da Resistência

 
 
 
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