EDITORIAL - Semana do Nunca Mais 2023

Sob o lema “Semana do Nunca Mais – Memória Restaurada, Democracia Viva”, uma série de eventos tomou o Brasil após quatro anos de retrocessos e negacionismos sobre o que realmente foi a ditadura civil-militar de 1964, que completou 59 anos. Entre os dias 24 de março e 2 de abril, principalmente nas datas de 31/03 e 01/04 em que se rememora o golpe, a Semana foi fruto de um trabalho em conjunto entre Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, prefeituras, coletivos, ONGs, OSs e partidos políticos.

Nesse contexto, o Núcleo Memória se articulou em uma série de atividades, das quais trataremos neste boletim, especialmente duas: o Ato em homenagem às vítimas, mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira, realizado no Memorial da Resistência de São Paulo, e a 3ª Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado, no Parque Ibirapuera.

A Semana foi um momento simbólico no sentido da retomada de uma mobilização social em prol de uma agenda de cidadania, memória, justiça, verdade e reparação. Você poderá conferir parte das atividades no Boletim a seguir.

Boa leitura!

Núcleo Memória e Memorial da Resistência realizam Ato em homenagem às vítimas, mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira

Realizada no emblemático Memorial da Resistência, o edifício que anteriormente sediou delegacias vinculadas ao Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), entre 1940 e 1983, no dia 1 de abril, às 14h, foi realizado o Ato em homenagem às vítimas, mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira.

Após as boas-vindas de Ana Pato, Coordenadora do Memorial da Resistência, e Maurice Politi, Diretor Administrativo do Núcleo Memória, o público presente foi contemplado com a abertura musical e dramatúrgica da Cia do Tijolo. O auditório lotado pôde ouvir e cantar canções, poemas e leituras dramáticas. 

Em seguida, autoridades, ex-presos/as político/as, familiares de mortos e desaparecidos políticos e também jovens que lotaram o auditório apresentaram suas reflexões sobre como a decretação do golpe afetou a democracia e os direitos humanos. Além disso, o evento contou com estudantes de duas escolas e jovens militantes de organizações como o Levante Popular da Juventude.

Como encerramento, Dulce Muniz, atriz e ex-presa política e diretora do espaço Teatro Estudio Heleny Guariba apresentou poemas musicados no violão.

Quer conferir como foram as falas? Assista ao vídeo:

Sábado Resistente: Ato em Homenagem às vítimas da Ditadura Militar

3ª Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado

A terceira edição da Caminhada do Silêncio foi realizada no Parque Ibirapuera relembrando o golpe civil-militar de 1964, os vitimados pelo terrorismo de Estado no período, mas também a violência que continua nos dias de hoje. A caminhada reuniu cerca de 1.000 pessoas.

Com início na Praça da Paz, no Parque Ibirapuera, o primeiro momento do ato contou com falas de representantes de diversos segmentos da luta pelos direitos humanos como de Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, além do ex-deputado Nilmário Miranda, assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do ministério, e Soninha Francine, Secretária de Direitos Humanos e Cidadania do Município de São Paulo.

Nessa primeira parte, na Praça da Paz, o público pôde ouvir e cantar canções de um repertório escolhido a dedo pelo músico Renato Braz. Em seguida, o ato se deslocou em uma caminhada silenciosa carregando retratos de mortos e desaparecidos, flores e velas até o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, em frente ao parque. Já no escurecer, alguns nomes foram chamados a resposta de “presente!”.

Essa edição foi um marco, uma vez que o evento passou a fazer parte do calendário oficial da cidade de São Paulo, incluído pela lei 17.886 de 2023. A 3ª Caminhada do Silêncio foi organizada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e pelo Movimento Vozes do Silêncio, composto por dezenas de entidades, entre elas o Núcleo Memória.

Para assistir ao ato:

3ª Edição da Caminhada do Silêncio pelas Vítimas de Violência do Estado

19/04, 14h
Programa de Visita Mediada ao antigo DOI-Codi/SP
Local: Rua Tutóia, 921

29/04, 14h
Sábado Resistente: 80 anos do levante do Gueto de Varsóvia - Lembrar para não esquecer
Local: Memorial da Resistência