outubro/2021

 

EDITORIAL

Ultrapassando a marca dos 605.000 mortos pela epidemia do COVID-19, vimos neste mês findarem os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou, durante os últimos seis meses, as irregularidades administrativas e financeiras, as tentativas de corrupção e a propagação de fake News que se notabilizaram durante os últimos 18 meses no campo da saúde no Brasil, potencializando ainda mais os desacertos que resultaram nesta cifra de famílias enlutadas por todo o país.

O resultado mais potente da CPI foi a previsão de indiciamento de 78 pessoas, entre elas o presidente da República, ministros, autoridades constituídas, médicos e empresários, em adição à duas empresas que se notabilizaram por terem tentado vender ao Ministério da Saúde, a preços astronômicos, vacinas inexistentes. Agora, temos que esperar as manifestações da Procuradoria Geral da República e das demais instâncias do Judiciário para ver se realmente as conclusões levarão a punições dos responsáveis.

Felizmente, a ampla maioria da população brasileira não deu importância às teorias mais esdrúxulas contra a vacina, demonstrando seu apego ao Plano Nacional de Imunização: neste mês de outubro, mais de 54% dos adultos do Brasil tiveram a imunização completa. Esse índice certamente influenciou os melhores resultados que vimos durante o mês, no que diz respeito às internações e óbitos, e nos dá a esperança de que cheguemos ao final do ano com um índice de vacinados que permita o retorno gradual às atividades presenciais no país, ajudando na situação econômica.

Aliás, falando da situação econômica, esta sim mostrou índices bem piores neste mês e o descontrole total a respeito do “teto de gastos” permitido pela Constituição, com opiniões controversas e cambiantes a cada dia. Como resultado, vimos o índice de inflação anual ultrapassar os 10,5% e a previsão de crescimento estimado a quase a metade daquele previsto no início do ano. Em consequência, a dívida da União aumentou de modo expressivo e a inflação mais alta, agravada pela desvalorização do real, elevou o custo de financiá-la.  Em resumo, um processo econômico que gera pobreza no campo social e descrédito dos mercados. As dantescas cenas das camadas mais pobres da população, tendo que buscar restos de comida nos caminhões de lixo para poderem se alimentar, é a evidência de um governo falido e sem perspectivas, a não ser aqueles que indicam sinais de retrocessos em todos os campos: sociais, econômicos e culturais.

No campo da segurança pública, os dados estatísticos deste mês informados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela UNICEF mostram que o Brasil perde 19 crianças ou adolescentes por dia para a violência, seja policial ou doméstica. Como disse uma reportagem da Folha de São Paulo sobre este fato, “é um Boeing cheio de jovens caindo a cada 21 dias no país, com a grande maioria dos assentos ocupados por meninos negros”. O estudo mostra com detalhes a atual situação de vulnerabilidade da juventude no país e faz recomendações ao Estado para não banalizarem este número de ocorrências, tratando de elaborar políticas públicas que reforcem as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Nosso último Sábado Resistente do mês tratou justamente dos 21 anos de existência do ECA, num debate que contou com especialistas no assunto. Mais detalhes a respeito podem ser encontrados neste Boletim. Também digno de se mencionar, neste mês iniciamos o nosso curso anual “Lugares de Memória e Direitos Humanos”, com as primeiras 4 aulas ministradas.  O curso teve mais de 500 pessoas inscritas, sendo mais de 90 alunos e alunas a cada aula. As aulas ficam disponíveis no canal de YouTube do Núcleo Memória, ampliando o número de participantes.

Boa Leitura!

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Sábado Resistente | Direitos da Infância e da Adolescência
 

Na edição de outubro do Sábado Resistente, a oitava deste ano, o Núcleo de Preservação da Memória Política e o Memorial da Resistência de São Paulo promoveram o debate em torno do tema “Direitos da Infância e da Adolescência”. Os convidados foram: Ariel de Castro Alves, Iolete Ribeiro da Silva e Ingrid Limeira.

Para conferir o evento na íntegra, clique aqui

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Curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil – 2021

Em outubro, o Núcleo Memória realizou 4 aulas das 8 do curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil”, com os seguintes temas:
- Aula 1: “Estruturação e operação do aparato repressivo” - Ministrada por Maurice Politi (Diretor do Núcleo Memória);
- Aula 2: “Ditadura civil ou militar (1964-1985)?: do golpe de Estado à gênese do regime” - Ministrada pelo o Prof. Dr. Marcos Napolitano (Departamento de História – FFLCH/USP);
- Aula 3: “Lugares de Memória e Direitos Humanos” - Ministrada pela professora Samantha Quadrat (Universidade Federal Fluminense- UFF) e Julia Gumieri (Memorial da Resistência de São Paulo); e
- Aula 5:“Conhecendo algumas experiências estrangeiras sobre lugares de memória” - Ministrada pelo Prof. Dr. Flávio Bastos (Escola Superior de Advocacia / Universidade Mackenzie).

O curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” visa promover o aprofundamento e a discussão sobre a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e o período atual, e refletir sobre a pedagogia dos lugares de memória, considerando que o olhar sobre o patrimônio tem a potencialidade de traçar paralelos entre passado-presente e estabelecer diálogo sobre a democracia brasileira, o momento político e os direitos humanos na atualidade.

O curso busca refletir sobre a ditadura brasileira e a política contemporânea, e aborda o conceito sobre lugares de memória. Apresenta experiências internacionais, nacionais e da cidade de São Paulo sobre as políticas de memória e de preservação a partir das experiências de musealização, das perspectivas e dos debates em torno desses espaços-símbolos, tais como o edifício sede do Deops/SP (atual Memorial da Resistência de São Paulo), o edifício das antigas Auditorias Militares (Memorial da Luta pela Justiça) e as dependências do antigo DOI-Codi (atualmente 36ª Distrito Policial da Vila Mariana), dentre outros.
O curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” é totalmente online por razões de segurança, em decorrência da pandemia. A transmissão é feita através do canal do Youtube do Núcleo Memória.

Saiba mais clicando aqui!

 

 

Participação em Aula

 

No dia 14 de outubro, Maurice Politi participou, juntamente com a professora Cristina Meneghello, do Departamento de História da UNICAMP, de uma aula virtual extracurricular do Laboratório de Humanidades do Colégio Elite Monteiro Lobato, da cidade de Itu.  A aula "Sítios de Consciência e patrimônios difíceis" contou com a presença de 18 alunos e alunas e foi conduzida pelo professor Marcelo Leite.

A aula durou 2 horas e meia com exposições em power point e intenso debate.

 

 

Roda de conversa "Colégio Santa Cruz"

No dia 25 de outubro, Maurice Politi participou de uma roda de conversa "Desafios da Democracia" com uma turma de 24 a 30 alunos do 9º Ano do Colégio Santa Cruz. A atividade virtual foi coordenada pela professora Fernanda Trindade Luciani e professor Eduardo Chamas.

 

 
 

 

Conversa com o jornalista Ivan Garcia

 

No dia 25 de outubro, o Núcleo Memória, através de seu diretor Maurice Politi, recebeu o jornalista Ivan García no Memorial da Resistência de São Paulo (MR). Ivan, que reside atualmente em Bogotá (Colômbia) é correspondente para a América Latina da Rádio Nacional da Suécia).
Por mais de duas horas, percorreram as instalações do Memorial e, durante a entrevista, vários temas do passado e do presente brasileiro foram abordados. Segundo Ivan, é grande a curiosidade do povo sueco, que pouco conhece sobre a ditadura civil-militar que governou o país por 21 anos, entender a atual conjuntura no Brasil, com um presidente que tece loas às torturas e recebe no Palácio do Planalto, como heróis, agentes responsáveis por violações aos Direitos Humanos e autores de assassinatos comprovadas.

 

Lançamento virtual do documentário "O dia em que a Justiça entrou no DOI-Codi".

 

No dia 29/10/2021, o Núcleo Memória lançou o documentário "O dia em que a Justiça entrou no DOI-Codi", produzido pelo Núcleo Memória e dirigido por Camilo Tavares.
O documentário registra a Audiência de Conciliação convocada pelo juiz Dr. José Eduardo Cordeiro Rocha e realizada no dia 9 de setembro de 2021, nas próprias dependências do ex DOI-Codi, na Rua Tutóia 921.
Participaram do lançamento:
Camilo Tavares – diretor do filme; Marcelo Mattos Araujo – museólogo, ex-Secretário de Cultura de São Paulo e atual diretor do Instituto Moreira Sales (IMS); Eugenia Gonzaga – Procuradora regional da República; Paulo Vannuchi – ex-ministro de Direitos Humanos, representando a Comissão Arns; Rogério Sottili – ex-secretário Municipal de Direitos Humanos e diretor do Instituto Vladimir Herzog; e Ariel de Castro Alves – Advogado, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.

Para conferir o evento na íntegra clique aqui.

 
 
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