novembro/2021

 

EDITORIAL

Este mês nos trouxe as auspiciosas notícias de um controle maior da pandemia do COVID-19, principalmente devido à intensa mobilização da sociedade brasileira, que aderiu ao Programa Nacional de Imunização. Apesar de lamentarmos a perda da vida de cada uma das mais de 614.000 pessoas durante este ano, é alentador ver que, a despeito das recorrentes notícias falsas e mentiras espalhadas pelas autoridades, o povo, em sua ampla maioria, decidiu optar pela ciência, permitindo assim a redução importante nos casos de contaminação e mortes, e possibilitando a volta gradual às atividades econômicas e sociais.

Outra nota de destaque no mês foi o retorno do ex-presidente Lula à arena internacional, quando foi aplaudido e tratado como chefe de Estado em todos os países europeus que visitou. Essa efusiva recepção se mostrou exatamente o contrário daquela experimentada pelo presidente Jair Bolsonaro, quando de sua participação, alguns dias antes, na reunião do G20 onde, isolado e desprestigiado, sentiu a frieza dos líderes políticos presentes em relação ao nosso país. Especialistas viram nestas duas viagens simultâneas dos até agora favoritos na disputa presidencial de 2022 sinais de antecipação do pleito e definições a respeito da política externa a ser aplicada a partir de 2023.

A política ambiental brasileira e o compromisso do atual governo na conservação da Amazônia e na luta contra o câmbio climático mundial também sofreram críticas este mês na conferência COP 26, que ocorreu em Glasgow durante duas semanas.

Embora os países tenham assinado um acordo, sendo o Brasil também obrigado a fazê-lo, fechando os acordos anteriores de Paris, foram deixados muitos pontos em aberto, relacionados à redução do uso de combustíveis fósseis e ao adequado financiamento para mitigação e adaptação dos países pobres às novas regras climáticas.

No campo social, neste mês foram conhecidos dados estatísticos que mostram bem a deterioração e o retrocesso sofrido pela população brasileira nos últimos dois anos. A revelação de que metade das famílias vivem com uma renda familiar de até 2.400 reais por mês, enquanto pouco mais de 5% têm renda superior a 11.400 reais e 1% das famílias ganhando mais de 36.300 reais mensais mostra bem a disparidade e desigualdade social que se acentuou ultimamente. A estas estatísticas se soma o nível de desemprego que atingiu a cifra de 13,4 milhões de pessoas, no trimestre terminado em agosto, e os dados do IBGE mostrando que no país existem atualmente 60 milhões de pobres, que vivem com até 436 reais/mês, e 14 milhões de extremadamente pobres, com menos de 153 reais/mês.

Não é sem motivo, então, que vemos aumentar diariamente a quantidade de moradores de rua que, sem conseguirem empregos e desprovidos dos mínimos recursos para se manterem, são obrigados viver nas ruas de todo o país. Também vemos como reflexo desta situação social um aumento nos casos de violência oficial contra jovens e adolescentes, principalmente da população negra e moradores das periferias.

Muitos destes temas foram por nós tratados nos últimos Sábados Resistentes, que tem continuado, de forma virtual e mensalmente, com debates e reflexões por especialistas nas diversas áreas dos Direitos Humanos. Também neste mês, o Núcleo Memória finalizou o curso anual “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil”, que recebeu, por parte de seus alunos e alunas, amplos elogios pela excelência das aulas ministradas por profissionais dos mais qualificados.

Também digno de destaque foi o trabalho realizado por nós na preparação da pesquisa e participação no Seminário Internacional “Reforma Curricular e Justiça de Transição”, realizado pelo grupo Iniciativa Global para a Justiça, Verdade e Reconciliação.

Mais detalhes de nossas atividades estão nesta edição do Boletim.

Boa leitura a todos e todas!

 

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Sábado Resistente | Racismo e Preconceito
 

Sábado Resistente | Racismo e Preconceito
Na edição do Sábado Resistente do mês de novembro promovido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política e pelo Memorial da Resistência de São Paulo, foi realizado mais um debate em torno do tema deste ano, “Direitos Humanos em Foco, que discute a universalidade, a indivisibilidade, a interdependência dos direitos humanos e das lutas por cidadania. Nesta nona edição, ocorrida no mês da Consciência Negra, discutiu-se “Racismo e Preconceito”.

Para conferir o evento na íntegra, clique aqui

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Curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil – 2021

Em novembro, o Núcleo Memória realizou as aulas 6, 7 e 8 do curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” com os seguintes temas:

- Aula 6: “Lugares de memória e patrimônio cultural” e “Um olhar museológico para os Lugares de Memória” – Ministrantes: Deborah Neves (Historiadora - Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico - UPPH-Condephaat) e Katia Felipini (Museóloga - Diretora do Núcleo Memória) - https://youtu.be/qx5LtKKzEko
Aula 7: “Ditadura civil-militar: as graves violações contra indígenas e camponeses” e “O Memorial das Ligas e Lutas Camponesas” – Ministrantes: Prof. Dr. Flávio Bastos (Escola Superior de Advocacia / Universidade Mackenzie) e Alane Lima (Camponesa e presidenta do MLLC) - https://youtu.be/A6370O39Vb8
Aula 8: “Brasil: análise de conjuntura” – Ministrante: Prof. Ricardo Gebrim (Advogado e membro da direção nacional da Consulta Popular) - https://www.youtube.com/watch?v=u4WJpjc2hCE

O curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil” visa promover o aprofundamento e a discussão sobre a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) e o período atual, e refletir sobre a pedagogia dos lugares de memória, considerando que o olhar sobre o patrimônio tem a potencialidade de traçar paralelos entre passado-presente e estabelecer diálogo sobre a democracia brasileira, o momento político e os direitos humanos na atualidade.

O curso busca refletir sobre a ditadura brasileira e a política contemporânea, e aborda o conceito sobre lugares de memória. Apresenta experiências internacionais, nacionais e da cidade de São Paulo sobre as políticas de memória e de preservação a partir das experiências de musealização, das perspectivas e dos debates em torno desses espaços-símbolos, tais como o edifício sede do Deops/SP (atual Memorial da Resistência de São Paulo), o edifício das antigas Auditorias Militares (Memorial da Luta pela Justiça) e as dependências do antigo DOI-Codi (atualmente 36ª Distrito Policial da Vila Mariana), dentre outros.
A edição deste ano também foi totalmente online por razões de segurança, em decorrência da pandemia.

A transmissão foi feita através do canal do Youtube do Núcleo Memória.

Saiba mais clicando aqui!

 

 

Participação em Aula

 

No dia 11 de novembro, Maurice Politi participou de uma aula com aproximadamente 25 alunos do ensino médio no Colégio Tesla de Osasco.

 

 

Seminário da Iniciativa Global por Verdade, Justiça e Reconciliação (GIJTR)

Entre os dias 15 e 17 de novembro, o Núcleo Memória participou do seminário virtual convocado pela Iniciativa Global por Verdade, Justiça e Reconciliação para discutir temas relacionados com o tema geral "Reforma Curricular e Justiça de Transição".

Mais de 100 pessoas, representando entidades da sociedade civil de mais de 25 países de todos os continentes, tiveram oportunidade, nestes três dias, de ouvir importantes reflexões e práticas e discutir os pontos abordados nas pesquisas realizadas sobre o tema geral, durante os últimos dois meses, por mais de 18 das entidades convidadas.

A convite do GIJTR, o Núcleo Memória elaborou uma pesquisa sobre o tema "Estratégias formais de reforma curricular e cooperação com instituições estatais", apresentada por Oswaldo de Oliveira Santos Junior no dia 16 de novembro de uma mesa específica para este tema com os representantes da África do Sul, Chile e Timor Leste.

A publicação do trabalho estará disponível até o fim deste ano para consulta nos websites das entidades participantes.

 

 
 

 

1ª Escuela Iberoamericana de Mediación en Sitios y Museos de Memoria

 

Entre os dias 23 e 25 de novembro, o Núcleo Memória participou do encontro para formação da 1ª Escola Iberoamericana de Mediação em Sítios e Museus de Memória. Estiveram representando o NM o seu diretor Maurice Politi e o historiador e pesquisador César Rodrigues, que assistiram às seguintes exposições:

23/11: O papel dos museus e lugares de memória em contextos de Justiça de Transição
24/11: A mediação e a relação da Pedagogia da Memória, Pedagogia Crítica e Educação em Direitos Humanos em museus e lugares de memória
25/11: Mediação em lugares e espaços de memória

Participaram, ainda, das seguintes oficinas:
23/11: Memória e garantias de não repetição a partir dos lugares de memória
24/11: Mediação, memórias locais e territórios: desafios para o trabalho de museus e lugares de memória
25/11: Mediação e trabalho com diferentes audiências.

 

 

Participação no IV Seminário de Sítios de Memória

 

No dia 25 de novembro, Katia Felipini, diretora de Museologia, Ações Educativas e Culturais do Núcleo Memória participou, juntamente com Aureli Alcântara (Memorial da Resistência de São Paulo), Danilo Marques (Projeto República – UFMG / Memorial da Democracia – SP) e Fabiana de Lima Sales (Museu da Abolição – PE) da mesa “Educar para nunca mais? Os lugares de memória difícil como espaços de formação”, mediada por Suelen Andrade, no âmbito do IV Seminário de Sítios de Memória. O Seminário, organizado pela Fundação Casa de José Américo e Memorial da Democracia da Paraíba, teve como tema “Memórias Sensíveis: Modos e meios de narrar”.

Para conferir o evento na íntegra clique aqui.

 
 
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