EDITORIAL
O Brasil é hoje, depois dos Estados Unidos, o centro mundial da pandemia de Covid-19 e um dos campeões mundiais em termos de queda do PIB e índices de recessão econômica.
O país atingiu, no início do mês de julho, a marca de 61.884 mortes causadas pelo novo coronavírus. Só a efeito comparativo, há dois meses, no dia 2 de maio, o país havia registrado 6 mil mortes pela doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ou seja, em apenas dois meses, o número de mortes cresceu 948%.
Em relação às pessoas contaminadas, o número a início de julho estava beirando 1,5 milhões de pessoas, sem contar com uma subnotificação patente, devido principalmente à falta ou ao pequeno número de testes que se realizam ainda no país. Estimativas do Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo indicam que os casos no Brasil já devem superar 20 milhões, ou 14 vezes mais do que indicam os números do Ministério da Saúde.
Também a efeito comparativo, dados do site da BBC Brasil reporta que o Brasil registrou 63 mil mortes violentas em todo o ano de 2017, o pior ano da série histórica nesse quesito. Em três meses de pandemia, portanto, temos mais vítimas do que o número de mortes violentas no país no seu pior ano!
Estes dados mostram bem a tragédia pela qual estamos passando, tragédia esta agravada por um desgoverno que se torna pária aos olhos do mundo e que, com medidas cada vez mais radicais e negacionistas, acentua a desigualdade social no campo econômico e a intolerância e radicalização no campo sociopolítico.
Entretanto, como mencionamos no nosso primeiro boletim deste ano, a MEMÓRIA NÃO ENTRA EM QUARENTENA, por mais que permaneçamos obedecendo às regras do isolamento social em benefício da saúde de todos.
Desta maneira, temos prosseguido com nossas atividades de forma virtual, com destaque para a continuação do nosso curso “Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil”, que durante o mês de junho atraiu quase 400 participantes durante as quatro aulas interativas do mês, para além das centenas de pessoas que tiveram acesso às vídeo-aulas no nosso canal do YouTube. Este curso terminará na segunda quinzena do mês de julho e estamos muito orgulhosos de termos atraído professores e alunos de uma qualidade ímpar durante estes dois últimos meses.
Por outro lado, promovemos durante o mês de junho, em nova plataforma digital assinada pelo Núcleo Memória, rodas de conversa (“LIVES” História & Memória) abordando diversos temas como “Religião e Ditadura”, “O mundo do Trabalho e a Pandemia” e “O dia internacional em apoio às vítimas de tortura”, além de participar em outras como convidados ou espectadores, sempre em atividades ligadas à defesa dos Direitos Humanos e à solidariedade com todos os movimentos que vão se constituindo no país em defesa da Democracia.
Para o mês de julho, temos previsto a retomada, também sob forma virtual, de nossos “Sábados Resistentes”, atividade regular do Núcleo Memória em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo. O primeiro deles será no dia 18 de julho, às 14 horas, com um debate sobre “O Direito ao Luto, à Memoria e à Verdade: Ontem e Hoje”. Além disso, seguiremos com as “LIVES – História & Memória”, que divulgaremos através de nosso website e de nossas redes sociais.
Esperamos contar com a presença de todos e todas nestas atividades!
Diálogos ao vivo sobre História e Memória
No contexto em que estamos vivendo de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus, o Núcleo Memória vem realizando uma série de diálogos, entrevistas e debates sobre a história e a memória (História & Memória).
Em junho realizamos:
Ditadura Militar e Religião: rupturas e continuidades
13/06: "Ditadura Militar e Religião: rupturas e continuidades" - Debate com Luiz Fernando e Moisés Coppe. Realizamos um diálogo sobre o papel da religião no contexto político e social no Brasil no período da ditadura militar (1964-1985) e no contexto atual. Assista! |
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Mundo do trabalho na pós-pandemia
16/06: "Mundo do trabalho na pós-pandemia" - Debate com Luci Praun (UFAC). Realizamos um painel com a exposição da professora Dra. Luci Praun e mediação da Professora Dra. Claudete Pagotto sobre o mundo do trabalho na pós-pandemia. Uma reflexão sobre os impactos da pandemia na organização do trabalho. Assista! |
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Dia Internacional de Apoio às Vítimas da Tortura
26/06: "Dia internacional de Apoio às Vítimas da Tortura" - Debate com Dra. Eugênia Gonzaga (Procuradora Regional MPF), Ivan Seixas (Militante dos Direitos Humanos e preso pela ditadura/MRT) e Maurice Politi (Diretor do Núcleo Memória) Realizamos um debate no dia internacional de Apoio às Vítimas da Tortura. A proposta foi destacar este dia de luta e solidariedade e refletir sobre a presença da tortura em sociedades como a nossa e seus impactos para os direitos humanos e a cidadania. Assista! |
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Curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil
Iniciado no dia 11/05, a edição virtual do Curso Lugares de Memória e Direitos Humanos no Brasil seguiu suas atividades durante todo o mês de junho, com a publicação das vídeo-aulas no canal do Núcleo Memória do youtube, seguidas semanalmente pela interação ao vivo com os professores aos sábados.
Assim, nos dias 06, 13, 20 e 27/06, reunimos virtualmente cerca de 90 participantes em cada uma das aulas interativas, de diferentes regiões do país, com as/os professores Julia Gumieri, Flavio Bastos, Deborah Neves e Katia Felipini, respectivamente, para debater, tirar dúvidas e trocar experiências sobre o tema abordado naquela aula.
Na imagem, vemos os rostos de alguns dos estudantes presentes na última aula do mês (27/06), ministrada por Kátia Felipini, que abordou "Um olhar museológico para os lugares de memória".
